EDITORIAL
A Revista Garrafa
é a primeira revista virtual do departamento de Ciência da
Literatura da faculdade de Letras da UFRJ. Seu objetivo é divulgar
a produção de nosso departamento, as atividades promovidas pelo
curso, a produção dos orientadores junto a seus orientandos e
principalmente oferecer um espaço a seus orientandos de publicação.
No entanto, não pensamos em limitar o site à produção interna,
mesmo que ela seja privilegiada. Se algo da produção externa estiver
ligada aos interesses de nossas pesquisas, estamos abertos a contribuições.
Se a idéia de realizá-la foi minha, um generoso apoio
veio de todo o departamento, especialmente de sua comissão,
e as condições de sua realização vieram especialmente do acolhimento
e concreta cooperação de João Camillo Penna, cujo trabalho em
nosso curso tem sido essencial.
O
número de textos enviados foi grande, o que muito nos felicitou,
e esperemos que aumente nos próximos números. Até o momento, conseguimos
mandar um parecer (anônimo) da comissão a respeito dos textos
aceitos e recusados, com o objetivo de dar ao ensaísta um retorno
merecido sobre sua produção. Já estamos aceitando novos ensaios,
mas ainda não temos um prazo de entrega, então, aproveitem. Para o próximo número, convoco os orientandos
para pensarem em escrever mais traduções e resenhas, além de ensaios,
que geralmente são a maioria de textos enviados à revista, e peço
aos orientadores que mandem textos ou materiais de divulgação
de suas pesquisas junto aos alunos, pois o espaço está aberto
de deve ser aproveitado.
O
motivo de o nome ser Revista Garrafa
(concebido entre uma lista de tantos outros por minha permanente
doença mental e defendido por Chico Bosco) é muito variado mas
também meio rebelde a justificativas. Poderia ser um nome ligado à literatura, ou
à teoria da literatura, mas os nomes mais evidentes já comparecem
em outras revistas, impressas ou virtuais, e os mais eruditos
são muito pomposos e não nos agradaram. Revista Garrafa
é algo de certa maneira gratuito, imprevisível e despretensioso
para seu contexto, e esse já seria o melhor argumento, justamente
por ser insatisfatório. Contudo, como a literatura e sua crítica
não deixam nenhuma imagem escapar de seu largo horizonte, sua
pletora produtiva e sua fome inesgotável de idéias, construções
e desconstruções, facilmente reconheceremos várias associações
preciosas.
Os
textos, tanto literários quanto críticos, são como garrafas jogadas
ao mar à espera de sua revitalização por um leitor futuro, distante
(no tempo e/ou no espaço), desconhecido. Essa imagem pode ser
encontrada em vários poetas, em Adorno e muitos outros pensadores.
Se a internet é uma “rede”, ela menos resgata suas mensagens
do que dissemina, é mais um mar desértico – aberta a qualquer
leitor e escritor, por isso mesmo pode tanto os aproximar como
os distanciar – do que uma comunidade interplanetária, como queria
Mcluhan. Logo, o texto é realmente uma garrafa lançada a esse
mar, que pode ou não ser aberta ao leitor e mostrar ou não seu
“gênio”, ou seja, seus vigores e poderes. Mas toda essa distância
entre escritor e leitor, constitutiva do ato de leitura e escrita,
acredito que deva ser diminuída com as novas formas de integração
entre seus praticantes. Daí a idéia de uma revista virtual universitária ser um lugar privilegiado para essa possibilidade, já que a universidade
é talvez a única instituição ainda aberta para criar relações
consistentes entre literatura e pensamento, e a internet, o meio mais fácil e mais instigante – devido a sua novidade
e potencialidades a explorar.
Há
várias outras associações a respeito de “garrafa” na literatura,
e se eu enumerasse metade, os leitores já estariam por demais
embriagados com o editorial, que é, digamos, a garrafa com a bebida
menos interessante. Ele não serve para isso, e sim para entusiasmar
o leitor a encontrar as mensagens que estão à espera de serem
descobertas nos textos aqui presentes.
Quero
agradecer a todos os colaboradores, à comissão do departamento,
ao Camillo e às pessoas que quebraram a cabeça junto comigo para
chegar a esse pobre ou rico nome, André Luiz Pinto, Chico Bosco,
Camillo, Alberto Pucheu, André Gardel.
Eduardo
Guerreiro
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