EDIÇÃO No. 1 - Setembro-Dezembro 2003

Outras Edições: 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10

ISSN 1809-2586



 

 

 

   

EDITORIAL


A Revista Garrafa é a primeira revista virtual do departamento de Ciência da Literatura da faculdade de Letras da UFRJ. Seu objetivo é divulgar a produção de nosso departamento, as atividades promovidas pelo curso, a produção dos orientadores junto a seus orientandos e principalmente oferecer um espaço a seus orientandos de publicação. No entanto, não pensamos em limitar o site à produção interna, mesmo que ela seja privilegiada. Se algo da produção externa estiver ligada aos interesses de nossas pesquisas, estamos abertos a contribuições. Se a idéia de realizá-la foi minha, um generoso apoio  veio de todo o departamento, especialmente de sua comissão, e as condições de sua realização vieram especialmente do acolhimento e concreta cooperação de João Camillo Penna, cujo trabalho em nosso curso tem sido essencial.

O número de textos enviados foi grande, o que muito nos felicitou, e esperemos que aumente nos próximos números. Até o momento, conseguimos mandar um parecer (anônimo) da comissão a respeito dos textos aceitos e recusados, com o objetivo de dar ao ensaísta um retorno merecido sobre sua produção. Já estamos aceitando novos ensaios, mas ainda não temos um prazo de entrega,  então, aproveitem. Para o próximo número, convoco os orientandos para pensarem em escrever mais traduções e resenhas, além de ensaios, que geralmente são a maioria de textos enviados à revista, e peço aos orientadores que mandem textos ou materiais de divulgação de suas pesquisas junto aos alunos, pois o espaço está aberto de deve ser aproveitado.

O motivo de o nome ser Revista Garrafa (concebido entre uma lista de tantos outros por minha permanente doença mental e defendido por Chico Bosco) é muito variado mas também meio rebelde a justificativas.  Poderia ser um nome ligado à literatura, ou à teoria da literatura, mas os nomes mais evidentes já comparecem em outras revistas, impressas ou virtuais, e os mais eruditos são muito pomposos e não nos agradaram. Revista Garrafa é algo de certa maneira gratuito, imprevisível e despretensioso para seu contexto, e esse já seria o melhor argumento, justamente por ser insatisfatório. Contudo, como a literatura e sua crítica não deixam nenhuma imagem escapar de seu largo horizonte, sua pletora produtiva e sua fome inesgotável de idéias, construções e desconstruções, facilmente reconheceremos várias associações preciosas.

Os textos, tanto literários quanto críticos, são como garrafas jogadas ao mar à espera de sua revitalização por um leitor futuro, distante (no tempo e/ou no espaço), desconhecido. Essa imagem pode ser encontrada em vários poetas, em Adorno e muitos outros pensadores. Se a internet  é uma “rede”, ela menos resgata suas mensagens do que dissemina, é mais um mar desértico – aberta a qualquer leitor e escritor, por isso mesmo pode tanto os aproximar como os distanciar – do que uma comunidade interplanetária, como queria Mcluhan. Logo, o texto é realmente uma garrafa lançada a esse mar, que pode ou não ser aberta ao leitor e mostrar ou não seu “gênio”, ou seja, seus vigores e poderes. Mas toda essa distância entre escritor e leitor, constitutiva do ato de leitura e escrita, acredito que deva ser diminuída com as novas formas de integração entre seus praticantes. Daí a idéia de uma revista virtual universitária  ser um lugar privilegiado para essa possibilidade, já que a universidade é talvez a única instituição ainda aberta para criar relações consistentes entre literatura e pensamento, e a internet, o meio mais fácil e mais instigante – devido a sua novidade e potencialidades a explorar.  

Há várias outras associações a respeito de “garrafa” na literatura, e se eu enumerasse metade, os leitores já estariam por demais embriagados com o editorial, que é, digamos, a garrafa com a bebida menos interessante. Ele não serve para isso, e sim para entusiasmar o leitor a encontrar as mensagens que estão à espera de serem descobertas nos textos aqui presentes.

Quero agradecer a todos os colaboradores, à comissão do departamento, ao Camillo e às pessoas que quebraram a cabeça junto comigo para chegar a esse pobre ou rico nome, André Luiz Pinto, Chico Bosco, Camillo, Alberto Pucheu, André Gardel.

 

 

Eduardo Guerreiro