A POESIA PARNASIANO-SIMBOLISTA NA HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA
Fernando Cerisara Gil, Paulo
Cezar
Maia, Maria Cristina Périgo e Greicy
Pinto Bellin
Este
artigo tem a
proposta de
estudar o
modo
como a historiografia
literária
brasileira
mais
recente situa a
poesia parnasiano-simbolista.
Como historiografia
literária
mais
recente, entendemos aquela elaborada no
século XX e
que,
ainda
hoje, define a
nossa
visão
sobre o
período
em
questão.
Para
isso, selecionamos
quatro
histórias da
literatura
brasileira
que
ainda possuem
impacto
determinante
para o
seu
estudo:
História da
literatura
brasileira:
seus
fundamentos
econômicos (1938), de Nelson Werneck Sodré;
A
literatura no Brasil (1955), organizada
por Afrânio Coutinho ;
História
concisa da
literatura
brasileira (1970), de Alfredo
Bosi (1970), e De Anchieta a Euclides:
breve
história da
literatura
brasileira (1977), de José Guilherme Merquior.
A
hipótese
que o
trabalho sugere é a de
que a
discussão da
moderna historiografia se baseia
em
maior
ou
menor
grau na
noção do
nacional
como
forma de
definir e ao
mesmo
tempo de
valorar a
natureza
literária, estabelecendo-se, no
caso
que abordamos,
como
modo de
compreensão de
nossa
poesia finissecular. A
noção de
nacional pode se
revestir de
perspectivas teóricas, literárias e
políticas as
mais diversas e conflitantes muitas
vezes
entre as
obras mencionadas,
mas será
ela
que
explícita
ou implicitamente norteará a
abordagem de boa
parte dos
autores e encaminhará, num
certo
sentido, o
lugar da
poesia parnasiano-simbolista
em
nosso
contexto
literário.
A
nossa
exposição se desdobrará
em
dois
momentos: num
primeiro, faremos uma
apresentação do
ponto de
vista das
obras
com
relação à
poesia parnasiano-simbolista e, num
segundo, discutiremos as
implicações contidas nessas abordagens e
como podem
constituir
um
limite
para uma
crítica
mais
produtiva da
poesia finissecular
brasileira.
Nelson Werneck Sodré,
em
História da
literatura
brasileira:
seus
fundamentos
econômicos, concebe a
sua
história da
literatura obedecendo a
um
critério
histórico, ao
argumentar
que o
desenvolvimento da
nossa
literatura obedeceu às
contingências econômicas,
políticas e
sociais. A
partir desse
critério
histórico o
desenvolvimento da
literatura
brasileira teria se processado
em
três
níveis: “Um
período colonial, na
vigência da
subordinação à
metrópole,
um
período de
elaboração
nacional, na
vigência da
estrutura levantada na
fase de surbordinação, e
um
período,
ainda
recente,
caracterizado
como
nacional,
quando o Brasil adquire os
traços
que definem a
nação” (Sodré, p. 25).
O
critério
histórico
que
baliza a
nossa
evolução
literária funda-se,
portanto, na
noção do
nacional.
Por
nacional o
autor compreende uma “literatura
peculiar,
original e
brasileira”
que
assim o é
por se
aproximar da
vida,
isto é, daquilo
que
rodeia os
escritores, “da
terra, da
gente, dos
dramas e dos
problemas
próprios do
nosso
meio e do
nosso
tempo” (Sodré, p. 25).
Entretanto, a
elaboração de uma
literatura
nacional
somente é
possível se
configurar
quando a
estrutura colonial é destruída e a
sociedade apresenta
fisionomia
nova, o
que significa a “formação
de uma
estrutura
nacional de
produção”,
com a
conseqüente redefinição de
classes e o
papel
que
elas representam (Sodré, p. 19).
Evolução das
condições econômicas do
ponto de
vista
nacional e
literatura
nacional caminham pari passu
para Sodré.
Assim,
para o
autor, a
literatura parnasiano-simbolista se situaria no
segundo
momento de
desenvolvimento
literário,
em
que predominava
ainda o
fenômeno
que denomina de transplantação,
que se
trata,
segundo o
autor, de
simples
imitação
formal de
processos e
escolas estrangeiras,
não permitindo
existir, nesse
contexto,
originalidade
nem
autonomia.
O
autor destaca
que, na
poesia
parnasiana e simbolista, a
linguagem se caracterizaria
pelo
trabalho
artesanal
cuja
perfeição e o
virtuosismo tendem à transitoriedade e ao
isolamento. Relaciona
este
traço
artesanal
que estará
presente na
poesia finissecular a
certas
condições sociológicas e históricas do
país.
Ele
argumenta
que na
medida
em
que a
divisão de
classes é
profunda,
definida
sobretudo
pela
diferença
entre
senhores e
escravos,
não há
necessidade de se
afirmar a
sua
condição,
já
que “ela
transparece ao
primeiro
olhar” (Sodré, p. 451).
Entretanto, no
momento
em
que os
traços
exteriores se generalizam, estendendo-se a
outros
grupos
sociais – ao
homem
livre
pobre,
por
exemplo – há
que se “transferir os
traços de
distinção a
outros
planos” (Sodré, p. 451). A
ostentação do
saber, do
conhecimento e,
por
extensão, da
literatura torna-se
repertório dessas
diferenças
que
começa a
ser utilizado
pela
classe
dominante. A
partir daí “a
distinção
pela
capacidade
artística
começa a
ter
um
papel e surge a
idéia
conseqüente de
que o
apreço
que aquela
capacidade merece deve
provir
apenas de uns
poucos, dos
iniciados, dos
que têm
condições de
atingir o
requinte. E o
artesanato é
um
requinte” (Sodré, p. 452).
Dando
ênfase a
sua
perspectiva de
classe, Nelson Werneck Sodré acrescenta
que, no
surto de
industrialização e urbanização
que ocorre, surge uma
classe
média
mais
forte,
mas
que “imita
ainda os
padrões da
classe
dominante”,
sem possibilidade de
formular
suas próprias
características
em
termos
artísticos. Nessa
imitação, o
autor destaca
um
traço: o
desejo de distinguir-se
pela
atividade
intelectual,
que “continua a
ser
um
terreno
peculiar aos
que
não exercem
esforço
físico” (Sodré, p. 452-453).
Nesse
contexto, o
Parnasianismo e o
Simbolismo se caracterizam
como uma especialização da
arte
capaz de depurá-la da participação dos
ignaros. “De
tudo
isso
não
poderia
resultar
outra
coisa
senão o
distanciamento
entre o
escritor e o
público” (Sodré, p. 453).
Ambos
estilos se apegam ao
cuidado
formal e “esquecem os
motivos da
vida,
para
um
distanciamento pronunciado,
um
ato de
vontade”. O afastamento da
realidade é
característica da
literatura da
época,
mas as duas
escolas “forneceram
caminho
para a
realização daquilo
que a
fase vigente impunha”. Os
parnasianos se afastavam
mais da
realidade
pela
forma; os simbolistas,
pelo
conteúdo.
Mas os
dois
períodos ficaram “como
coisa
estranha,
produtos
exóticos,
em uma
literatura
que dava os
primeiros
passos no
rumo de aproximar-se da
realidade
nacional”. Os
adeptos destas
escolas encontraram uma
saída
para a
solução de uma desigualdade
que
era
peculiar ao Brasil (Sodré, p. 455).
No
livro A
Literatura no Brasil, Afrânio Coutinho
escreve a
introdução
geral e as
introduções específicas de
todos os
capítulos, sendo
cada
um
correspondente a
um
período
diferente da
literatura
brasileira. Neste
caso, os
estudos no
interior dos
capítulos
são divididos
em
pequenos
textos atribuídos a
diferentes
autores,
que,
porém, seguem uma
única
orientação organizadora,
definida na
introdução
geral: uma
abordagem cronologicamente descritiva do
desenvolvimento
evolutivo da
literatura
brasileira.
Coutinho argumenta na introdução geral que o problema da historiografia
literária brasileira está no modo periodológico inconstante como ela tem se
orientado, ora privilegiando aspectos sócio-históricos, ora estilísticos, e
sempre sem muita clareza nas perspectivas de abordagem. Outro problema é o
que chama de “sentimento nacional” na historiografia literária, a intenção
de ver na literatura o reflexo da evolução econômica, política e social do
país que, segundo diz, orientou esse tipo de análise literária por muito
tempo. Para ele, isso impossibilitou o aparecimento de uma interpretação que
encarasse a nossa literatura como um acontecimento autônomo, para além da
sua identificação como documento. E argumenta que a solução para tais
problemas pode estar numa abordagem que vislumbre a descrição dos processos
evolutivos dos estilos literários em nosso país.
De
acordo
com Coutinho, a
literatura no Brasil
sempre se caracterizou
pelo
esforço
em
criar uma
tradição
local. O
que
sempre se definiu
pela
luta
entre a
tradição européia, pautada
pela
auto-afirmação no
novo
mundo, e a
tradição
em
formação, pautada
pela
conquista de
identidade.
Este
livro é apresentado,
assim,
como interessado no
estudo da
autonomia das
formas
estéticas e da
evolução dessas
formas na
história
literária
brasileira
em
função de uma
possível
autonomia
literária. “Cultural e literariamente somos uma
nação
em
curso. A
longa
marcha no
sentido desse autodomínio teve
dois
pontos
altos: a
fase romântico-realista do
século XIX e o
período modernista
contemporâneo” (Coutinho, p. 36).
Mas,
para Coutinho,
nossa
literatura é
ainda
pobre e
sem
personalidade, “certamente,
porque
ainda
não logramos
construir
completamente
ou
consolidar a
formação do
país,
sem o
que
torna
impossível,
em
plenitude, uma
literatura
vigorosa e
original” (Coutinho, p. 53).
De
acordo
com o
organizador de A
Literatura no Brasil,
este
livro se
pauta
por uma
análise
intrínseca, primando
pela
compreensão da
evolução das
formas e
gêneros
literários.
Sua
orientação é “fundamentada nas
noções de
estilo
individual e
estilo de
época, constrói
sua periodização
segundo
um
esquema estilístico, descrevendo os
períodos
como
ascensão e a
decadência de
um
sistema de
normas
ou
convenções, procurando
identificar o
ponto de
exaustão dos
artifícios e o do
início da
aspiração
por
novos” (Coutinho, p. 67).
Assim
cada
um de
seus
capítulos é dividido
em:
introdução e
abordagem do
período
em
questão na
sua
experiência européia e,
em
seguida, na
tradição
local
em
formação. E a
experiência
local é apresentada
pelo
que pôde
oferecer de
novidade à
tradição
em
marcha de
formação,
por
isso há
nos
capítulos estudados
um descritivismo
panorâmico
que agrega o
maior
número
possível de
poetas, de
preferência, de
diferentes
lugares da
geografia
nacional.
No
capítulo
que
trata do
Parnasianismo, Coutinho sugere
que
este
período teria surgido
como
oposição abstenseísta e
evasiva à
poesia
social da
década de 1870, uma
poesia inspirada
pelo
último
romantismo e empenhada nas reivindicações
por
justiça
social e
progresso.
Assim, o objetivismo
estético da
teoria da “arte
pela
arte” e a
busca de
temas
exóticos de
saída
clássica servem ao
Parnasianismo
como uma possibilidade de
reação, uma
fuga àquela
relação
entre
poesia e
desígnios político-sociais
característica da
chamada “poesia
nova”
ou “social”. Na
seqüência do
estudo, Péricles Eugênio da Silva
Ramos oferece uma
recolha
pouco
seletiva de
poetas,
poéticas e
obras de
vários
lugares do Brasil, sugerindo
como
justificativa uma
investigação de
originalidades de
estilo. E conclui
seu
estudo, dizendo
que o
Parnasianismo se estabeleceu
como uma
experiência formalizante
forte
em
nossa
literatura,
tanto
que sobreviveu à
Semana de 22 e se constituiu
como uma subescola de
poesia – “uma
disciplina
estilística de
grupo, de
feição
clássica, e
com
leis precisas” (Coutinho, p. 129) –
generalizada nas
províncias.
No
capítulo
que
trata do
Simbolismo, Afrânio Coutinho diz
que o
estilo se apresentaria,
por
volta de 1890,
como uma potencialização do
individualismo romântico,
apesar de
contrária ao
sentimentalismo: uma
religião isolacionista
oposta a
qualquer
filosofia de
ordem
política
ou estético-normativa, uma
atitude
anti-racional e antimaterialista
expressa
em uma
poesia ornada de
artifícios musicais e
plásticos e inspirada
pelo
desejo
histérico de
liberdade. Na
seqüência, o
panorama do
Simbolismo fica a
cargo de Andrade Muricy,
que inicia
seu
estudo
com uma
análise da
poética de
Cruz e Sousa
para,
em
seguida,
afirmar
que o
Simbolismo se ramificou a
partir do
Poeta do
Desterro,
para Muricy, o “fulcro
dinamogênico” do
estilo. A
descrição dessa ramificação sugere
um mapeamento da
manifestação do
estilo no
país, uma
espécie de
análise histórico-extensiva.
Após esse mapeamento de Muricy, Rodrigo Otávio faz uma análise onde sugere
ter sido o Simbolismo uma espécie de primeira tentativa de Modernismo.
Segundo diz, os parnasianos não tinham maturidade nem estética nem crítica
para assumir tal papel, o que não se pode dizer dos simbolistas. No entanto,
diante de um público limitado, formado pelo gosto parnasianista, a tendência
filosófica e metafísica do Simbolismo não pôde ser compreendida e se
transformou em perda da consciência histórica. Essa inconsciência
possibilitou o surgimento do Penumbrismo, que, caracterizado pela vaga
tematização do cotidiano vazado em um olhar melancólico, oferecerá as
primeiras tentativas modernistas, porém expressas em linguagem simbolista.
Alfredo Bosi,
em
História
Concisa da
Literatura
Brasileira, se preocupa
em
traçar a
dinâmica de
nossa
história
literária
desde o
período
conhecido
por
Literatura de
Informação
até as
Tendências Contemporâneas de
nossa
literatura. No
primeiro
capítulo de
seu
livro, Bosi diz
que a
problemática da
literatura
brasileira desenvolveu-se
sobre o
que
ele
chama de “complexo
colonial”.
Para
ele, a
colônia “é, de
início, o
objeto de uma
cultura, o
outro
em
relação à
metrópole (...) e
só
deixa de o
ser
quando
passa a
sujeito de
sua
história” (Bosi, p. 13). Desta
forma,
nossa
literatura teria
um
caráter
híbrido, constituído
por “códigos
literários
europeus
mais
mensagens
ou
conteúdos
já coloniais” (Bosi, p. 14).
Esta
perspectiva de
análise é
empregada no
exame do
Parnasianismo e do
Simbolismo, uma
vez
que Bosi,
em
sua
abordagem historiográfica,
vê a
poesia finissecular
brasileira
como uma
espécie de
tentativa fracassada de
superação do “complexo
colonial”, o
que é
devido,
em
grande
parte, à
omissão, nessa
poesia, das
contradições históricas e
sociais daquele
tempo. O
autor considera
principalmente o
Simbolismo
como
um
projeto mal-sucedido,
que
via na
transcendência a
saída
para o
que
ele
chama de “mal-estar
na
civilização
industrial”, e
que foi,
justamente
devido a esta
postura de
evasão, desacreditado
frente à
tradição
literária da
época, representada
pelo
Realismo e
pela
mentalidade
positivista e
pragmática da
burguesia.
Em
sua
análise,
Bosi considera a
tendência
estetizante
como
a
principal
preocupação
da
poesia
parnasiano-simbolista.
Para
ele,
a
poética
do
Parnasianismo
se situa na “convergência
de
ideais
anti-românticos,
como
a
objetividade
no
trato
dos
temas
e o
culto
da
forma”
(Bosi, p. 246). Ao
comentar
sobre
o
movimento
parnasiano,
o
autor
ressalta a
extrema
preocupação
formal
dos
poetas
deste
estilo,
tais
como
o
gosto
pela
descrição,
o
tradicionalismo
em
relação
ao
metro,
ritmo
e
rima,
e a
impessoalidade.
O crítico-historiador
também
destaca o
ideal
da “arte
pela
arte”,
que
teria nascido
com
a
poesia
parnasiana
e se concentraria
apenas
no
fazer
poético, se desdobrando na “arte
sobre
a
arte”,
ou
seja, na
descrição
de
objetos
decorativos
como
vasos,
espelhos
e
estátuas
gregas.
A
análise de Alfredo Bosi
sobre a
poética simbolista se orienta
pela
já mencionada
idéia de “malogro”
na auto-superação de
nosso
colonialismo cultural. O
autor dedica
extenso
capítulo ao
exame do
Simbolismo,
visto
como
um
estilo
que procurou
resgatar
valores românticos
que haviam se perdido
com o
surgimento do
Realismo na
literatura,
enquanto
que o
estudo
sobre o
Parnasianismo é
justamente uma
parte do
capítulo destinado ao
Realismo. Ao
analisar o
Simbolismo
brasileiro, Bosi questiona
suas
origens
em
nosso
país, chegando à
conclusão de
que o
movimento simbolista foi, no Brasil,
um “produto de
importação”, uma
vez
que “não apresenta
homologias
com a
vida
social da
época”, sendo, nesse
ponto,
diferente da
estética
parnasiana,
que contava
com
um
grande
público
leitor e acompanhava a
ideologia
corrente
em
fins do
século XIX. (Bosi, p. 298)
Segundo o
autor, “o irracionalismo
literário
não é
capaz de
substituir
em
força e universalidade as
crenças tradicionais;
nem o
seu alheamento da
ciência e da
técnica vai ao
encontro das
necessidades das
massas
que ocuparam o
cenário da
História deste
século e têm clamado
por uma
cultura
que promova e interprete os
bens advindos do
progresso” (Bosi, p. 297). Esta é uma das
razões pelas
qual Bosi considera o
Simbolismo
brasileiro uma
tentativa malograda de
superação do “complexo
colonial” existente
em
nossa
literatura, uma
vez
que o
movimento
não conseguiu
romper a “crosta
oficial” da
literatura realista, opondo-se às
concepções mecanicistas da
burguesia da
época. A
superação do mencionado “complexo
colonial” se daria
apenas
em 1922,
com o
advento do
movimento modernista,
que representa,
para o
autor,
um turning point na
literatura
brasileira na
medida
em
que “há
um
estilo de
pensar e de
escrever
anterior e
outro
posterior a Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel
Bandeira” (Bosi, 431).
De Anchieta a Euclides: uma
breve
história da
literatura
brasileira, de José Guilherme Merquior, abrange
a
literatura
brasileira do
período
que vai da “literatura da
era
Barroca no Brasil”
até a “antevéspera
do
modernismo”.
Já no
prefácio do
livro, o
autor anuncia
que
visa uma
perspectiva unificada do “processo
evolutivo das
letras brasileiras” e
que o
livro tem o
cuidado de
caracterizar as
obras e
seus
respectivos
conjuntos “a
partir de
suas
peculiaridades de
escrita e
estilo (...),
ponto de
partida da
análise
literária” (Merquior, p. 8).
Como afirma no
prefácio, o
autor compreende as
letras brasileiras
como sendo “região
da
literatura
ocidental”;
por
isso,
antes de
analisar os
traços
específicos adquiridos
pelos
estilos
Parnasianismo e
Simbolismo no
espaço da
cultura
brasileira, Merquior individualiza-os ao “nível
da
sua
acepção
genérica,
transnacional” (Merquior, p. 9), discorrendo
sobre os
princípios culturais e ideológicos
que conduziram as
poéticas da
virada do
século XIX,
sem
que
isso resulte
em
simples
orientação cronológica.
Nesse
momento, o
autor destaca
que os
estilos “pós-românticos de
antes do
modernismo” foram
muito
mais
concomitantes do
que
sucessivos e
que “nenhum deles
se afirmou,
como havia acontecido
com o
Romantismo, no
conjunto dos
grandes
gêneros
literários” (Merquior, p. 141). Destaca
ainda
que uma
particularidade aproxima o
Romantismo, o oitocentos pós-romântico e a
literatura
moderna: os
três foram
estilos de
oposição cultural – “luta
sistemática da
arte
contra as
tendências
dominantes da
civilização
ocidental” (Merquior, p. 142). A
divergência
entre o
Romantismo e o
Segundo Oitocentismo,
contudo, está na
modulação da
oposição no
que se refere à
visão de
mundo e à
imaginação
poética.
A
visão de
mundo do
Romantismo vinculava-se a
idealismos,
cuja
expressão
não estava
isenta de aderências subjetivas – “mística
do
eu e da
totalidade”. O
idealismo hegeliano,
que deu a
tônica do
modo de a
literatura
ver o
mundo
até 1848, fez
com
que a
imagem
poética romântica se apresentasse
como uma
expressão da
alma e a
literatura
como
reflexo da
raça, do
meio e do
momento.
Contudo,
após
esse
período, a
visão de
mundo hegeliana dá
lugar ao
pessimismo
que vai de Schopenhauer a Nietzsche.
Assim, a
imagem
poética pós-romântica
também se transforma: “a
criação
literária
passa a
aspirar à
impessoalidade (...), a
lírica
parnasiana
ou simbolista se querem
objetivas;
não pretendem
ser ‘confissões’ do
eu” (Merquior, p. 146),
são
antes guiadas
pelo
vazio do
ideal.
Na
seção intitulada “Literatura e
civilização no Brasil do
fim do
Império e no
início da
República
Velha”, Merquior “evoca o
fundo sociológico” do
período
em
questão da
nossa
literatura. Nessa
parte do
texto, o
autor discute a
condição do
escritor
brasileiro, a valorização da
inteligência, destacando
que a
estética pós-romântica “exercia uma
função
heráldica, hierarquizante, conferindo
status aos
talentos de
estirpe
média e pequeno-burguesa”
através da “sofisticação
da
linguagem”
ou
pela “intelectualização do
conteúdo” (Merquior, p. 149). O
autor destaca
que se há
algum
defeito
para
apontar “no
conjunto da
era pós-romântica”
este
defeito é a “tendência
a
comprometer a
vitalidade do
estilo
por
meio de
um
emprego
ornamental,
mais do
que
analítico, dos
motivos
formais e ideológicos da
época”. Sentenciando
por
fim: “Literatura
parnasiana (e nesse
sentido, a
etiqueta
vale
para
todo o
período) é
isso:
jogo de
estilo
que se afasta da
busca
incessante,
pela
linguagem
poética, de uma
interpretação da
experiência
humana. O
nosso
romantismo pecara às
vezes
por
excesso de
consciência
ingênua; o
nosso pós-romantismo,
por
formalismo. Foi
contra
este
que a
revolução modernista reagiu
vitoriosamente” (Merquior, p. 150).
Na
análise do
Parnasianismo, José Guilherme Merquior discorre
antes
sobre
sua
manifestação na Europa e
depois situa a
sua
presença no Brasil, destacando
que “os
nossos
parnasianos cuidaram
menos de
atingir a ‘impassibilidade’ recomendada
por Paris do
que
assegurar
livre
curso à
tendência,
bem
ibérica
para o
exibicionismo
verbal” (Merquior, p. 166-167). Nesse
momento da
discussão,
diferente da
análise
longa do
Parnasianismo
europeu, o
autor vai
direto
para a exemplificação dos
poetas
brasileiros.
Em
seguida, ao
abordar o
Simbolismo, aponta
que
este compartilhou
com a
poesia
parnasiana “o anti-sentimentalismo, a
repulsa à egolatria romântica, o
gosto
pela
palavra
rara (...) e o
culto da
forma”.
Contudo,
para o
autor, os simbolistas, “insurgindo-se
contra o
império do
imediato e
positivo
em
arte, exaltaram o
poder de
vidência da
poesia –
embora
nem
sempre (...)
em
termos
espiritualistas” e “opuseram à
estética
plástica do Parnaso
um
constante
anelo de musicalidade” (Merquior, p. 180).
O
autor assinala, nesse
momento
ainda do
seu
texto,
que há uma
diferença
importante
entre a
literatura de
vanguarda do
século XX e a
poesia simbolista, uma
diferença
que,
segundo
ele, “anula a
impressão de continuidade (...)
entre o
simbolismo e
modernismo”: é
que o
simbolismo “se inspirava numa
concepção mágico-soteriológica,
isto é, salvacionista, regeneradora e
redentora, da
criação
artística. (...). Os
modernos,
porém, entendem a
arte
como
jogo,
muito
mais do
que
como
talismã
salvador.
Sua
estética é, medularmente, crítico-lúdica, e
não gnóstico-soteriológica (...). A
compenetração
espiritual dos simbolistas:
eis
aí o
que os separa do
coração da modernidade.” (Merquior, p. 184)
Na
discussão
ainda
sobre o
simbolismo no Brasil,
ele
chama a
atenção
para a
cegueira da
crítica
brasileira, destacando
que “a inferioridade,
não da
poesia,
mas da
presença
literária do
Simbolismo
nos
anos 90 explica
em
parte,
embora
não justifique, a
cegueira condenatória da
crítica ‘oficial’
do
tempo”. Seria
preciso
esperar
pelo “espiritualismo
moderno”
para
que
com Andrade
Murici o
período “recebesse
definitiva
consagração
crítica” (Merquior, p. 185).
Por
fim,
antes
analisar os
poetas simbolistas
brasileiros – na
verdade,
extensa
análise de
Cruz e Sousa, – Merquior afirma
que
nem na
obra
madura do
Poeta do
Desterro o
Simbolismo
brasileiro utilizará o “extremismo
lingüístico, a radicalidade da
construção do
espaço poético de Mallarmé”, sentenciando
que os
nossos
maiores simbolistas “foram
antes neo-românticos,
sem
que, no
entanto, deixassem
por
isso de
enriquecer notavelmente o
acervo
lírico da
língua” (Merquior, p. 191).
As
quatro
abordagens historiográficas dos
períodos
em
questão
são balizadas
por uma
única
perspectiva,
apesar de orientada
por
aspectos
diferentes e formulada
em
função de
variantes
também diversas
em
cada historiador: a
busca de
interpretação do
Parnasianismo e do
Simbolismo
pela
chave
explicativa do
processo de
elaboração de uma
tradição
literária
local
ou do
que pode se
chamar de
literatura
nacional.
Para uma
síntese das
preocupações dessas historiografias
em
função de
tal
perspectiva, podemos
dizer
que Wernek Sodré se preocupa
com a
dinâmica do
processo sócio-cultural da
virada do
século XIX, buscando na
interpretação da
literatura
brasileira
um
meio de
interpretar o Brasil, tendo
em
vista
sempre a
paridade
entre
formação
histórica,
social,
econômica,
política, de
um
lado, e, do
outro, a
formação
literária
nacional.
Ele
vê
Parnasianismo e
Simbolismo
como
integrantes do
mesmo
processo no
contexto de
formação
nacional e
literária.
Já Afrânio Coutinho
nega essa
paridade
entre
acontecimentos histórico-econômicos e
político-sociais na historiografia
literária e diz se
preocupar
com a
descrição,
pela historiografia, da
evolução da
linguagem e das
formas literárias
nacionais. De
acordo
com a
concepção deste
último,
Parnasianismo evolui esteticamente a
Simbolismo,
mas o
resultado
fracassa
enquanto
tentativa
evolutiva
para uma
expressão
que se possa
chamar de autenticamente
brasileira. Alfredo Bosi apresenta a
dialética do
colonialismo cultural
como
explicação
para a
evolução
literária
brasileira. E
ele concebe o
Parnasianismo
como
importação
estética e
reflexo do
Realismo, e o
Simbolismo
como modernização fracassada.
Por
fim, José Guilherme Merquior
busca
definir a
dinâmica do
estágio da
literatura
ocidental,
onde insere o
caso
brasileiro,
como uma
experiência
regional
em
relação a uma
literatura
transnacional.
Segundo Merquior,
Parnasianismo e
Simbolismo
são
integrantes do
mesmo
estágio no
processo
histórico do
acontecimento
literário
ocidental e o
caso
brasileiro é uma
experiência
regional constitutiva e acumulativa
em
relação à
tradição
literária
transnacional.
Parece
haver duas
questões implicadas na
noção de
nacional nessas
histórias literárias: a
primeira
questão diz
respeito a uma
graduação,
maior
ou
menor, da
presença
explícita desta
noção e,
por
conseqüência, de
sua
capacidade,
também
maior
ou
menor, de
orientar o
ponto de
vista historiográfico. Essa
graduação pode
ser apresentada na
seqüência cronológica de publicação dos
estudos
em
questão e
entendida
pela
formulação de
cada
um destes
estudos:
em Sodré o
conceito “nacional”
é
enunciado
para
explicar a
formação da
nação e da
literatura num
só
processo;
em Coutinho o “nacional”
é projetado no
termo “literatura
autônoma”
que se
processa
pela
evolução da
linguagem, das
formas e dos
temas
literários no Brasil
em
função de uma
tradição
em
formação, a
tradição
local;
em Bosi o “nacional”
não é
enunciado,
mas caracteriza a
síntese esperada de
um
estudo orientado
pela
dialética do
desenvolvimento de uma
literatura
singular nas
formas e
temas
que acompanha o
desenvolvimento da
nação; e
em Merquior o “nacional”
também
não é
enunciado,
mas está implicado na
perspectiva historiográfica
que tem
em
vista uma
grande
literatura (ocidental)
constituída de
literaturas
regionais. É
verdade
que, neste
último,
tal
implicação se deve
mais a uma
preocupação
acessória do
que
essencial,
ou seja, a
questão de
autonomia
nacional
para Merquior
não se
trata de
buscar o
que a
nossa
literatura possa
ter de
singular,
portanto, afastada da
literatura européia,
mas se
trata de
encontrar os
elementos
com os
quais
ela possa
contribuir
como
experiência constitutiva a
um
terreno
literário
mais
amplo,
que o
autor
chama de
transnacional,
embora a Europa seja sugerida
como
centro.
Assim, Merquior
vê na
experiência
regional
singular (a
literatura
brasileira) uma
parte
componente de uma
tradição
literária
mais
ampla.
A
segunda
questão refere-se à
natureza do
conceito de “nacional”
envolvida
nos
textos discutidos.
Em
todos os historiadores abordados,
tal
conceito está relacionado a
um
processo modernizador a
que a
história de
nossa
literatura estaria submetida. Nesse
caso,
não é
curioso
que essa
noção sinta-se
animada
quando da
sua
aproximação
com o
Modernismo.
Todos os
quatro historiadores formulam
seu
ponto de
vista tendo
em
mira, de alguma
maneira, a
importância
que o
Modernismo teve
em
nosso
processo histórico-literário.
Mas
nem
todos identificam explicitamente o “nacional”
com o
Modernismo de 22,
apesar de verem nele
um
passo
importante e
um
limite no
conflito modernizador
pelo
que
este
período pode
ser
caracterizado
como a
nossa
literatura.
Nesse sentido, podemos
formular a relação nacional/processo modernizador/Modernismo em Sodré
pensando que, na sua perspectiva, só é possível uma literatura nacional na
medida em que isso esteja relacionado a outros aspectos da organização
social no Brasil. Isto é, só é possível uma literatura nacional, quando
tivermos uma economia nacional, uma política nacional e uma sociedade
nacional, complexa, com seus problemas particularizados refletindo sobre
todas as outras esferas da vida no país.
Em
Coutinho, a
questão
da
formação
não
consolidada do
país
volta
ao
centro
da
discussão.
Porém,
para
ele,
o
nacional,
a modernização e o
Modernismo
convergem,
não
para
a
necessidade
de
que
uma
literatura
autônoma
represente o
país
na
sua
singularidade,
mas
para
o
que
ele
chama
de
autonomia
da
linguagem
e das
formas
literárias
como
garantia
de
independência
estética.
Sem
definir
muito
claramente
o
que
isso
venha a
ser,
ele
acredita terem sido o
Romantismo
e o
Modernismo
dois
momentos
fortes
no
caminho
desse autodomínio na
literatura
brasileira.
E, neste
caso,
A
literatura
no Brasil
sugere
ter
sido o
Simbolismo
uma
espécie
de
primeira
tentativa
de
Modernismo,
mas
uma
tentativa
fracassada
pela
impossibilidade de
desenvolvimento
literário
modernizador
em
razão
de uma
estética
com
travos
metafísicos
e filosóficos
mediante
uma
tradição
literária
marcada
pelo
oficialismo
parnasiano.
Para Bosi, a superação de
um “complexo colonial” e a representação das contradições da formação do
país é o que possibilitaria a modernização ou a nossa literatura nacional.
Nesse sentido, ele vê a poesia finissecular brasileira como uma espécie de
tentativa fracassada de modernização devido ao limite estetizante do
Parnasianismo e ao limite metafísico e pretensamente filosófico do
Simbolismo brasileiro. Aspectos que só teriam sido superados em 1922, com o
advento do movimento modernista.
A
noção de
nacional está
em
segundo
plano na
perspectiva de Merquior,
embora
não de
todo abandonada no
que
ela carrega de
paridade
com a
idéia de
processo modernizador. E é
justamente a
aproximação dessa
noção
com a
experiência modernista
que
marca a
visão
que Merquior tem da
poesia
que
ele define
como
Segundo Oitocentista
ou Pós-romântica.
Para
ele trata-se de uma
poesia
que
não contribui
para a modernização
literária do Brasil
como fizera o
Romantismo e
como viria a
fazer o
Modernismo.
Assim, a
presença do “nacional”,
maior
ou
menor,
explícita
ou
não, se converte,
em
nossa historiografia
mais
recente,
ainda
em
critério
dominante
para a
análise do
período.
Pois na
medida
em
que
esse
elemento de
interpretação se
projeta
como uma
forma de
compreensão da
literatura
brasileira, e na
medida
em
que o
caráter
nacional traduz-se
como modernização,
Parnasianismo e
Simbolismo soam
como duas
estéticas
pouco preocupadas
com o
processo modernizadora no
plano das
representações
estéticas.
Por
princípios
próprios, os
dois
períodos se distanciam de
um
projeto de
formação
nacional e
literária, de
que
Romantismo e
Modernismo constituiriam a
espinha
dorsal.
Em
face desse
projeto
nacional
histórico e
literário,
propostas
poéticas estetizantes e alheias a
concepções literárias
que
não problematizem o
país
em
algum
nível acabam
por se
tornar
instantes
literários “exóticos”
ou “de
importação” no
interior de
nossa
evolução
literária.
Sodré
vê
a
questão
como
o
resultado
de uma transplantação da
estética
estrangeira
que
os
poetas
dos
períodos
estudados teriam
feito
com
o
desejo
de distinguir-se
pela
atividade
intelectual
como
classe
dirigente.
Já
para
a
perspectiva
de A
literatura
no Brasil, o
Parnasianismo
se realizou no Brasil
mais
pelo
culto
à
técnica
formal
já
constituído do
que
pela
sua
força
“essencial”
em
função
de uma
linguagem
nova,
autônoma.
Enquanto
o
Simbolismo
teria se apresentado
como
a
primeira
possibilidade
forte
de modernização
literária
aos
moldes
do
Modernismo,
mas
fracassou
pelo
contraste
entre
a
sua
estética
metafísica
e
um
contexto
cultural
ainda
muito
provinciano. Sendo
assim,
o
Modernismo
é
visto
como
um
grande
momento
na
virada
da
nossa
literatura
em
função
de
sua
autonomia,
embora
não
tenha sido
suficiente
para
essa
realização.
Em
Bosi, a
perspectiva
é a
mesma
da de Coutinho,
com
a
diferença
de
que
os
períodos
finisseculares
são
vistos
como
experiência
equivocada
que,
quando
superadas
pelo
Modernismo,
possibilitará a
abertura
de
caminho
que
ele
sugere
como
nacional.
E,
finalmente,
para
Merquior a
questão
não
se coloca,
pois
é
justamente
o
contrário
que
importa: o
nacional
é
só
uma
acumulação
ao
transnacional.
No
entanto,
é interessante
sublinhar
que,
mesmo
assim,
o
autor
encara o
Romantismo
e o
Modernismo
brasileiros
como
estéticas
que
posicionam o Brasil no
centro
da
perspectiva
transnacional.
Não
parece
um
exagero dizer-se,
então,
que
o
horizonte
de
preocupação
literário
de
nossa
historiografia
pouco
mudou
desde
o
romantismo,
momento
inaugural
da
união
da
identidade
do
país
à
expressão
literária,
união
esta
que
se configura
como
pedra
de
toque
para
compreender
e
avaliar
a
literatura
brasileira.
De outra parte, e para finalizar, talvez se possa dizer que para uma
avaliação crítica mais produtiva sobre a especificidade da poesia
parnasiano-simbolista
em
nosso
sistema
literário
seria
preciso
revê-la a
partir
de outra perspectiva como, por exemplo e sobretudo, a sugerida por Antonio
Candido em sua dialética do localismo e do cosmopolitismo, no qual o
nacional não define o problema a priori, mas constitui parcela
do mesmo. Nessa chave de leitura de alternâncias de movimentos entre
universalismo e individualização, como constitutivo de nosso processo
formativo literário, percebido por Antonio Candido, talvez seja a melhor
posição contemporânea para se começar a deslindar as contradições de um
período como esse.
Resumo: O
ensaio discute
como a
história literária do
século XX situa a
poesia
parnasiana e simbolista
brasileira. A
hipótese é de
que a
noção de
nacional
ainda predomina na
abordagem historiográfica
recente.
Por
conseqüência,
este
ponto de
vista determina o
modo de
compreender essa
poesia,
ainda
hoje,
como
algo “exótico”,
“importado” ao
nosso
sistema
literário.
Palavras-chave:
Poesia e
história
literária;
poesia
parnasiana e simbolista;
poesia brasileira.
Abstract: This essay aims discuss how literary
history of XX century treats Brazilian Parnassian and Symbolist poetry. The
hypothesis is that the concept of national is predominant in recent
hystoriographic
approaches.
Consequently, this point of view conceives this poetry as something
“exotic” and “imported” within the Brazilian literary system.
Keywords: poetry
and
literary history; Parnassian and Symbolist poetry;
Brazilian poetry
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