DOSSIÊ IAUARETÊ

O entusiasmo e a dedicação dos participantes da primeira oficina de escrita oferecida como curso optativo na Faculdade de Letras da UFRJ foi fundamental para o posterior desenvolvimento do projeto de pesquisa sobre as oficinas.

“Cobaias” do mais alto nível, os alunos, sempre presentes, realizaram  releituras e correções constantes de seus textos, tornando assim possível a observação de seus processos de escrita.

Não existe fracasso em oficina de escrita. As oficinas acontecem ou não, e isso segundo o grau de dedicação de seus participantes. O sucesso de uma oficina é a escrita. Por isso, agradecendo muito a participação de cada um dos escritores, apresentamos aqui alguns exemplos de textos produzidos a partir dos exercícios feitos.

 

EXERCÍCIO nº 1: Dez palavras para uma história.

Prescrição: criar um texto curto (entre dez e quinze linhas), usando as palavras: tubarão, cogitar, bricolar, frescuras, diplomata, tabaco, espuma, besteirada, anticiclone e mistério.

O texto final deve ser coeso e coerente.

Tempo: 15 minutos.        

 

EXEMPLO DE TEXTO PRODUZIDO

 

SEM RUMO

(Verônica Lima da Cruz)

 

Apareceu como um tubarão

Para cogitar um emprego

Dizia saber bricolar

Mas era cheio de frescuras

Como um diplomata

Fedia a tabaco

E dava até para notar

Espuma de cerveja

Em sua blusa de seda.

Caiu na besteirada

De entrar na sala errada.

Saiu sem rumo

Era um anticiclone da vida

Com um tom de mistério.

 

EXERCÍCIO nº 2: Tautograma

Prescrição: selecionar aleatoriamente uma lista de 10 vocábulos seguidos em um dicionário e compor uma narrativa curta com essas palavras.

Prescrição de reescrita: reescrever o texto, fazendo sobressair ao máximo as assonâncias e as aliterações.

Lista de palavras: Identificável, ideologia, idílio, idioma, idiota, idolatrar, idôneo, ignição e idêntico.

EXEMPLOS DE TEXTOS PRODUZIDOS:

A ideologia vem a ser a ignição do ignorante, pois o idioma é idêntico e identificável, porém o idiota mesmo é idolatrar o idílico. Deixa de ser idôneo.

(Texto de Maria Elisa de Almeida)

 

Retirado de um estranho dicionário aliterativo

Identificação – s.m. (coloq.) Índice idílico-ideológico; idolatria idiomática; ignição idônea incidente em ignorantes e outras idênticas idiotices.

(Texto de Luciano Monteiro)

 

EXERCÍCIO nº 3: Anagrama

Prescrição: decompor uma palavra grande em elementos formados por sílabas desta palavra e produzir uma história utilizando-os. A palavra grande usada foi JABUTICABAL. A história deveria contar um “drama rural”.

EXEMPLO DE TEXTO PRODUZIDO:

No pomar das jabuticabeiras

(de como o jabuti, brincando de prosa com a jararaca, leva esta a agir por sugestão sem refletir o sabor que tem uma titica qualquer)

Falam a jararaca e o jabuti.

-                                 Jamais chupei jujuba.

-                                 Jura, jararaca?

-                                 Juro, já dei uma de babaca por chupar balinha Juca, mas o gosto enjoa tanto que nem carne de jabá.

-                                 Virgem Maria, já comeste um jabá? – pergunta de suspeitoso o jabuti.

-                                 Jabá, jabu, caju, jaca, jandaia, cajá, jabuticaba, tacacá, as galinhas do Zé boticário e até juba de leão. Tenho prova cabal e tudo!

-                                 Bem... – disse o jabuti, quase babando pelas beiradas da boca – já está na minha hora...

-                                 Deixa de ser besta, compadre, que eu acho a sua carne uma titica.

-                                 Mas a comadre não jantou hoje. E quem bajula o bucho que não tem, não sabe a fome que lhe cabe...

-                                 Tu vais é ficar com a boca na botija me bajulando as idéias – avisou a jararaca, insinuada nos troncos da jabuticabeira brava.

-                                 Valei-me nessa hora. – disse o jabuti como se batesse na boca. Mas aí babau. Não teve jeito: a jararaca jantou o jabuti ali mesmo, num jato. De fato, não era o gosto do compadre pior que as bugigangas doces que as meninas jogavam para ela dentro da jaula, nos tempos de zoológico. Mas justo o beiço amargou geral, mais a imprevista titica de jurubeba com jiló.

(Texto de Sebastião Edson Sousa Macedo)

 

EXERCÍCIO Nº 4: Pastiche.

TEXTOS LITERÁRIOS DO CORPUS: A escrava Isaura de Bernardo Guimarães e Instantanées de Alain Robbe-Grillet.

Prescrição: produzir um pastiche de um trecho de A escrava Isaura de Bernardo Guimarães, a partir da análise das características de uma descrição realista tradicional. (tratava-se de uma descrição de Isaura).

Fru-fru

(Texto de Robson Carapeto Conceição)

 

            Achava-se ali sozinha e sentada num balde uma formosa e faceira vaca sem casco. Sua vasta área delineada por curvas sensuais sobressai mais que as vistosas jacas caídas de uma árvore próxima. E o cinza polido de seus delicados e retilíneos dentes compete em brilho com o metal do balde que lhe serve de assento. São tão cintilantes os seus dentes que ao vê-los em um sorriso inocente anseia-se ser capim para poder estar entre eles, ser envolvido por eles, poder alcançar as frestas mais virgens de sua arcada. E não só uma vez, mas sempre que seu glorioso ventre decidir devolvê-lo à boca. A boca, uma cavidade de aconchego com um néctar sagrado e um colchão rosado. O colo alvo e escovado sustenta com discrição e muito jeito o busto maravilhoso que apóia agora o cotovelo sedoso da vaca pensativa. O divino úbere aflora a partir do âmago trazendo em suas linhas toda a leveza e altruísmo de seu espírito. Os pêlos brancos e negros, numa harmonia incorruptível das cores, desenham formas místicas, incompreensíveis a olhos de touro bruto, em uma textura que lembra a relva frágil e indefesa recém falecida coberta pela geada na madrugada azul. Azul escura como o miolo dos olhos cor-de-caviar da vaca sem casco. No focinho liso e fibroso comparável ao mais polpudo sabugo da colheita de frutos dourados, fadas e outros seres alados bailam celebrando o fato de parasitarem o mais belo dos seres, o mais alvo dos pêlos, os mais cintilantes dos dentes. Tinha a face voltada para o portão e o olhar míope viajava para a Índia, onde seria, certamente, cultuada e imortalizada pela Academia de Letras.

            Tal fenômeno era coroado ricamente por trajes dignos de sua realeza. Sua elegância particularmente gingada quando andava era valorizada por uma blusa de alcinha semitransparente e uma saia curta, quase um cinto, adornada com lantejoulas multicoloridas. Um piercing no umbigo realçava com encantadora simplicidade o porte esbelto e a cintura delicada formadas artesanalmente pela água afortunada do Rio do Chapéu durante a geração de Afrodite.

 

Mocinha

(Texto de Fernanda Guimarães da Silva)

 

            Achava-se ali sozinha, sentada no bar da esquina, uma figura chamada Mocinha. As linhas do perfil desenhavam-se distintamente entre a garrafa de cerveja e as negras madeixas de henné. São tão estranhas suas linhas que embaraçam os olhos, rebaixam a mente e paralisam toda a análise, que só continuará para poder argumentar e explicar por qual motivo estava sozinha na mesa de um bar.

            A tez amarelada, da cor da mesa com propaganda de cerveja, embaçada por uma nuança nada delicada, que não sabereis dizer que tipo de anemia lhe agonia.

            O colo danoso, na mais pura demonstração da gravidade, não se sustenta e é sem graça. Quem lhe dera pudesse pôr um busto inflável, para ser chamado busto maravilhoso.

            Os cabelos não poderiam estar soltos, pois estavam fortemente emaranhados no elástico. A fronte calma pela cachaça, que também lhe embaçava a visão, e já não sabia de que lado acenderia aquele cigarro que estava na mão.

            Sem encantos, tentava ser gentil aquela bêbada que sonhava ser cantora. Sua pobreza transparecia no trajar. Um vestido roxo com flores amarelas com folhas alaranjadas conseguido em um bazar. Ordinário era o rapaz que o vendeu, dizendo que o vestido iria disfarçar seu porte nada esbelto e sua cintura que a cada dia se via a alargar. Grandes eram as ondulações, parecia uma baleia que surgia do mar. Uma grande cicatriz em forma de cruz (conseguida numa briga de bar) era o único ornamento, que descia pescoço abaixo.

 

Prescrição 2: produzir um pastiche de um trecho de Instantanées de Alain Robbe-Grillet, a partir da análise das características das descrições do Nouveau Roman.

           

            Ao seu lado separado da sua (...) por sete palmos medidos está um jovem loiro cabisbaixo que não pronunciava nenhuma palavra nem à moça, nem aos outros que ali se encontravam. A mulher, por mais tenebrosa que fosse, não me deixava perder a atenção. Estava junto a uma criança pálida, esquálida. (...) a jovem senhora com seus cabelos presos por uma rede um tanto esquisita (mais parecendo uma teia de aranha). Sua expressão, curiosamente, era idêntica a da maioria que ali esperava, não sei o quê, por sinal. A dama cadavérica achava-se ali, excluída e arrumada em plano quadricularmente torta e rude como uma carranca. A atmosfera do local, onde pessoas entram e saem com flores coloridas em pequeno e grande número, dependendo do encaixe na pirâmide social e do grau de afeto com as pessoas que ali se encontravam. Isso se misturava ao ar insípido, incolor e inodoro do local e que rodeava a todos os que ali residiam em paz. A velocidade das pessoas é quase nula, levantam-se lentamente, olham ao redor vagarosamente e depois voltam à inércia, à sepultura, logo abaixo do seu nome na lápide.

(Texto de Maria Elisa Almeida)

 

EXERCÍCIO nº 5: notícia e fait divers.

Prescrição: a partir da análise das características de uma notícia e de um fait divers, redigir um fait divers.

POLÍCIA

Gatinha heroína mata pit-bull

Felina salva sua dona de ataque de cão feroz na zona sul do Rio.

 

            A pequena gatinha Lual, de apenas 5 meses, matou um cão da raça pit-bull na Barra da Tijuca, Zona Sul do Rio. No sábado, dia 13 de abril, Lual brincava com uma latinha de alumínio amassada, uma das muitas que sua dona, Maria da Silva, catava durante o dia. Quando Saddan, um cão da raça pit-bull de 2 anos e 50 quilos, soltou-se das mãos de Patrícia A. de Toledo (conhecida como Paty do Pit), e atacou, vorazmente, a senhora da Silva. Lual ficou entre sua dona e o monstruoso cachorro, evitando que ela fosse atacada. Saddan, com apenas uma mordida, engoliu o rabo, as patas traseiras, o abdômen, as patas dianteiras, restando apenas a cabeça da gatinha para consumar a deglutinação. Foi quando Saddan começou a se engasgar. Testemunhas afirmam ter visto o cachorro sufocar-se com a cabeça da gatinha presa à garganta.

            Paty do Pit  ainda tentou ajudar seu “bebê” a salvar-se daquela pequena cabeça assassina. Mas todo o esforço desesperado da adolescente para salvar seu pit-bull foi em vão, pois quinze minutos após o cachorro ter começado a se engasgar, já estava morto.

            Depois de toda aquela confusão, dona Maria disse, aliviada, que juntaria dinheiro a semana toda para poder comprar, no final de semana, um copinho de leite para sua gatinha. “Ela sempre foi minha companheira e agora mais ainda. Minha Lual é meu herói”. Conta dona Maria da Silva.

            Já a adolescente, inconformada com a morte do seu bebê, prometeu vingar-se da gatinha e de sua dona. “Pow cara aí nada a vê. Tadinho do meu bebezinho. Pow, tipo assim, vou falar com meu velho e vou te processar”. Afirmou Paty, que não é mais do Pit, indignada com a morte de seu cachorrinho.

(Vinícius Machado de Souza Lopes)

 

EXERCÍCIO nº 6: Pastiche

TEXTO LITERÁRIO DO CORPUS: O Passeio Repentino, de Kafka.

Prescrição: imitar o estilo de Kafka em O Passeio Repentino.

Observação: o aluno optou por misturar o estilo de Kafka com o estilo de Robbe-Grillet.

 

            Uma senhora senta-se a minha frente. Incomoda-me um pouco estas cadeiras estrategicamente postas assim, para que você tenha que evitar ao máximo olhar retilineamente. Parece que se o fizer, darei a entender que olho para ela. Não há nada ali que me interesse, porém, somente o fato de eu não ter a liberdade de olhar em tal direção; bastando que esteja desta maneira me privando de uma opção, isto me deixa com maior vontade de fazer exatamente o contrário. Enquanto tento fixar-me a olhar qualquer outra coisa ao redor, a impressão que fica é a de que ela esteja o tempo todo sondando a direção de minha vista. Preciso conferir se realmente o faz, ou se não passa de uma ilusão que crio pela insegurança que a situação me causa. Arrisco. No exato momento em que ouso observá-la – como diriam os seguidores de Murphy – aqueles olhos redondos e curiosos dão-me o flagrante mais indesejável daquele dia. Por que quis olhar? Senti num breve movimentar de seus lábios o desejo de tentar um assunto. Temi. Busquei novamente evitar sua direção.

            Havia umas revistas ao longe. Minhas pernas tremiam, e eu não conseguia sequer ir buscar. Uma mulher jovem e bonita pôs o rosto pra fora da porta e me fez uma pergunta. Demorei a compreender que falara comigo, porém inferi que a resposta esperada fosse um sim.

            Outra garota chegou. O silêncio absurdo continuava. A senhora fazia crochê, a menina lia uma revista, e as minhas mãos suavam. Alguém me chamou e entrei. Lá dentro nada existia, apenas a minha mente conturbada por causa da tortura que criara minha neurose. Minha memória não guardara o que houve naquele recinto, somente que quando saíra de volta, e assim, indo embora, as duas tais quais antigas amigas, do que se falavam, riam.

(Daniel Porto)

 

EXERCÍCIO nº7: Jogo das suposições

Prescrição: Começar uma história pela frase “Suponha que você se chama...” seguida de um nome inventado pela pessoa. Escrever uma narrativa que deve terminar por um trocadilho com esse nome. Observação: não se pode omitir aqui um pequeno dado biográfico. O autor desse texto abandonou a profissão de auxiliar de enfermagem por não suportar as crueldades a que eram submetidos os pacientes de nosso sistema de saúde pública.

EXEMPLO DE TEXTO PRODUZIDO:

            “Suponha que você se chama Dorneles e saia por aí dizendo tudo que vem na cabeça. Tudo o que todo mundo queria dizer. E todo mundo vai saber o que eles fazem conosco e que todos sentiam as “dores” causadas por eles, dores na justiça, na moral e no corpo mesmo. E aí, aquela dor que eles nos causam, e que em nós faz tanto mal, não dará em nós, você verá a DOR NELES.”

(Texto de Luís Carlos Guimarães)

 

EXERCÍCIO nº8: Pastiche

TEXTO LITERÁRIO DO CORPUS: O Outro Quarto de Jacques Jouet.

Prescrição: a partir de uma breve apresentação do oulipiano Jacques Jouet, fazer um pastiche de seu conto O Outro Quarto.

Rotina

 

            Meninos eu vi:

            Andava assim, de um lado para o outro.

            Dormiu – enfim (após ninar a si mesma).

            O toque do despertador a fez levantar apressadamente.

            O dia recomeça. Arruma-se e sai.

Sim meninos, eu vi:

            Joaquina segurava firmemente sua bolsa, o medo de lhe arrancarem-na era grande. Andava de um lado para o outro, as pessoas passavam por ela, ela passava pelas pessoas. Vestia-se de um tailleur rosa-chá e segurava firmemente a bolsa.

Olhava as vitrines do caminho. Atravessava ruas, olhava vitrines, passava por gente.

            Chegou a outra rua. Enfim – pensou. Olhou entusiasmadamente para toda aquela extensão. Reafirmou a presença da bolsa ao seu ombro e andou.

            É verdade meninos, eu vi:

            Andava pela rua, olhava vitrines, ajeitava a bolsa, passava por gente. Já terminava o dia, foi quando meninos eu vi: ela andava assim, de um lado para o outro, agora no apartamento.

            Ninou a si mesma – enfim dormiu.

            O toque do despertador a acordou, recomeça o dia.

            Meninos eu vi:

            Andava de uma rua à outra, atravessava-as, preocupava-se com a bolsa, olhava vitrines.

            Meninos, fechei os olhos. Cansei de ver Joaquina.

(Texto de Renata Fabiana de Melo)

 

EXERCÍCIO 9: Conto combinatório.

Prescrição: a partir do estudo da literatura combinatória, escrever um conto, pastichando o texto de Queneau.

TEXTO LITERÁRIO DO CORPUS: Um conto a seu modo de Raymond Queneau (“Un conte à votre façon”).

EXEMPLO DE TEXTO PRODUZIDO:

UM CONTO A SEU MODO

(Texto de Manoel Felipe Santiago Filho)

 

1 – Você deseja conhecer a estória dos 4 pans?

              Se sim, passe a 3

              Se não, passe a 2.

2 – Então, você prefere conhecer a estória dos 3 pans?

            Se sim, passe a 5.

              Se não, passe a 4

3 – Pantaleão era um homem bom porém muito mentiroso.  Um dia recebeu a notícia de que um tio distante deixara uma herança enorme em algum lugar da África.  Feliz da vida foi para lá.

            Se você prefere saber como ele viajou, passe a  6.

            Se você prefere saber como foi a viagem, passe a  9.

4 – Tio Jacó deixou uma fortuna em terras, dinheiro, e também, um pangaré para Pantaleão.

            Se você prefere saber o que Pantaleão fez, passe a  7.

            Se você prefere saber o que Pantaleão falou, passe a  11.

5 – Pantaleão era um homem pequeno porém muito feliz.  Ganhou uma aposta milionária e fundou uma escola de samba.

            Se você deseja conhecer a escola, passe a  8.

            Se você prefere não conhecer a escola, passe a  12

6 – Pantaleão foi de navio para o continente africano.  Levou algum tempo mas chegou bem.

            Se você prefere saber como foi recepcionado, passe a  10.

            Se você não deseja, passe a  14.

7 – O interessante é que Pantaleão pegou seus bens e empreendeu uma viagem pelo interior da África.

            Se você deseja saber a surpresa que esperava por ele, passe a  13.

            Se você não deseja saber a surpresa passe a  16.

8 – A Escola de Samba era riquíssima, tinha todos os seus instrumentos folheados a ouro.  E tinha em sua bandeira o símbolo de uma pantera sobre um pandeiro.

            Se você quer saber como era o nome que o povão dera a escola, passe a  15.

            Se você não quer saber, passe a  19.

9 – A viagem foi tremenda.  O avião chocalhou muito, Pantaleão enjoou demais, e quando chegou ao seu destino surpreendeu-se com o que viu.

            Se você quer saber o que Pantaleão viu, passe a  17.

            Se você não quer saber o que ele viu, passe a  21.

10 – Chegando em África, ficou maravilhado com o povo que o recebeu como a um rei.  Deram-lhe boas vindas com muita festa, música e dança.

            Se você quer saber o que Pantaleão ganhou, passe a  18.

            Do contrário, passe a  20.

11 – “Caramba, que sorte, o que vou fazer com tanto dinheiro?!!”

            Se você quer saber o que Pantaleão fez, passe a  23.

            Se você não quer saber o que ele fez passe a  27.

12 – Por ser pequeno e gostar de samba, Pantaleão logo comprou um pandeiro especial, grande e sonoro; e depois, um pangaré para levá-lo aonde quisesse; comprou também, uma pele de pantera para colocar na parede da sala – antiecológico, mas era chique, ele viu num filme e gostou.

            Se você prefere um final feliz para a estória, passe a  26.

            Do contrário, passe a  24.

13 – Terrível foi a surpresa, andou uns 50 metros, assim que desceu do jipe, no interior da selva, quando deu de cara com uma grande pantera.

            Se você quer saber o acontecido final, passe a  22.

            Do contrário, passe a  25.

14 – Olhou para aquela terra,  para aquele povo e as saudades apertaram-lhe o coração.  Pegou o passaporte, documentos e bagagem, e retornou para o Brasil.

            Se você quer saber o fim da estória, passe a  28.

            Do contrário, paciência, no final tudo dará certo.

15 – O maior problema foi que o povo não gostou “nadinha” do nome da escola, rebatizando-a de Unidos do Bicho Preto.

            Se você quer saber a conseqüência disto, passe a  29.

16 – Que coisa, que coisa! – exclamou, extasiado; e, algo forte tocou-lhe o peito.

            Se você deseja saber o que aconteceu, passe a 30.

            Se você não deseja saber, passe a  27. 

17 – Pantaleão viu muita gente negra, de sorriso largo, porém, de olhos tristes. Ficou muito, muito, muito triste, também.  Seu coração bateu mais forte e ele chorou.  A bem verdade, bom seria que a estória acabasse aqui.  Qual seria o fim? Pan ... pan ... pan ... pan ...!

18 – Pantaleão ganhou muitas flores e frutas, além de um pangaré – símbolo de poder; uma pele de pantera – símbolo de força e vitalidade; e, um pandeiro – símbolo da alegria.

19 – O nome da escola não era popular.  Não importava; nem inspirava confiança mesmo, sequer era poético.  Seria uma empresa de fachada para lavar dinheiro de caixa-dois?

-                                 Ah! Que se arrebentem!  Eu quero mais é viver.  Pensou Pantaleão.  Assim, passe a 23.

20 – Depois da grande festa, se cansaram e foram dormir, pois ninguém é de ferro para ficar ouvindo atabaques, ganzás, maracás e outros instrumentos de percussão, nem dançando o dia todo sem parar.

21 – Fazer o quê?  A colossal visão do continente verde é soberba, mas a beleza não é tudo, e por detrás dessa beleza podem existir muitas decepções.

22 – A pantera rosnou, rugiu e avançou.  Por mais que Pantaleão corresse e seu inesperado fim parecesse próximo, se não fora trágico pelo menos cômico fora.  Ele terminou debaixo do jipe com as calças toda molhada, trêmulo de pavor e com o coração descompassado ... pan ... pan ... pan ... !!!

23 – Pantaleão comprou tudo o que podia  e algo além.  Morreu rico e de “pan” – pancada, louquinho de dá dó.

24 – Não acostumado, refez-se das fortes emoções, e pensou bem, antes de dar o grande passo.  Bebeu e comeu até cair.  Depois?  Só um milagre o salvaria; pelo menos estas foram as palavras do médico de plantão na UTI do Hospital Geral.

25 – Afeito às situações perigosas, pois nasceu no Rio de Janeiro e morou em São Paulo, correu de volta ao jipe, ligou o carro e disparou para bem longe dali.

26 – Pantaleão assegurou-se do prêmio que ganhara, preparou sua Escola de Samba para ser a campeã, e pôde morrer bem velho, rico e patrono fundador da escola.

27 – Se você não quer saber, paciência.  Eu também farei mistérios e não contarei o final da estória. Pan ... pan ... pan .... pan!!!!

28 – Chegando ao Brasil, contou  aos parentes e amigos, muitas mentiras acerca do que vira.  Rearranjou os “abacaxis” que deixara, sanou dificuldades suas de parentes e amigos, e pagou algumas dívidas e a outros afirmou: - o dinheiro acabou.

            Oh, que homem bondoso!

            Batam três vezes na madeira: pan ... pan ... pan.  Pé de pato mangalô  três vezes.

29 – Bicho Preto?  Que nome! Que nome para uma escola de samba milionária.

            Assim sendo, volte a 19.

30 – Surpresas são surpresas!  Para conhecer o final da estória, volte ao 17.

 

EXERCÍCIO nº8: Crítica Metatextual

Prescrição: a partir da leitura de textos críticos sobre o conto de Guimarães Rosa, Meu Tio o Iauaretê, escrever um pastiche crítico do conto.

TEXTO LITERÁRIO DO CORPUS: Meu Tio o Iauaretê de Guimarães Rosa.

Pastiche crítico do conto Meu Tio o Iauaretê, de João Guimarães Rosa

Por

Sebastião Edson Macedo

 

Vou começar este proseio contando uma historinhazinha besta, só pra ilustrar bem justo o que eu quero dizer a despois:

 

Era uma vez um raio dum home muito falador que vivia à sós no mei dos mato, num baixão das brenha gerais. Zagaieiro bom, andava pelos sertão tudo, caçava onça, gente, o diabo à quat’o. Cachaceiro de emborcar as canela e os beiço, não dá pra acreditar em tudo que ele inventa não. Diz ele que é parente das onça, que véve igualzim a elas, e que resolveu que num mata mais onça não, num gosta, tem pena. E jura de pé junto um monte de causo um atrás do ôto. Bêbo bosta é quando mais periga. Vira onça mermo. A valência é que o bicho já tá véi, chei de ano nos couro, mago, numa lerdeza só. Num dá mais tanto medo assim. Dá é pena de ver. Tem um revirado na língua, um falado feito as onça, nhengando uns bugre de índio misturado. Só assuntando a voz dele pra explicar direito. Mas nem carece. Carece nada. Carece é de assuntar ele, esse home., e cuidar do couro véi, e criar juízo.

 

Linha gerais, pra num alongar conversa, ora mais pra menos, ora mais pra mais, segue a história do subrim do jaguaretê, que é mei assim: mei lenda, mei causo, mei prosona solta, gorda, ligêra, as vez a gente vendo que é inventada, as vez igualzim à fala dos caboco dos mato, misturada cum monte de fraseado de sertanista, geralista, beletrista, tudo. Mais relato de caçada de onça, viage em vereda, rincão, travessia, açude, nonada, é tudo enquanto. E segue, segue toda vida. Parece que é um desimbesto de gente pela boca fora, porque é uma boca só que reza tudo. Esconjurante mermo. Cansa não. Mas tem que ler em voz alta, dobrar o esprito de porco da priguiça e assuntar que prosa mermo que é essa, até o fim. Mar vamo pelos começo, devagar, mode de arrochar as ruela desse conto curió.

Primêro que num é narrativa, ao mode tradicional dos conto bem entindido. Só fala um sujeito o tempo todo, que é o home, e que a gente sabe que é ele pelo aberto de um baita travessão, logo nos “incipítio” do texto, pra falar bonito e estudado. O home num é narrador de nada. É locutô se si mermo. E que num se locuta direito. Disvia, esquece, e vai. E sozim. Outra coisa: ele conversa cum alguém que num se assunta no texto, que pode ser qualquer urêa seca, fariseu, filibustante. Mas se o caba leitô fizer o fio da meada, que serve de adjutóro, se assunta ôto sujeito sim, nos implícito do texto. É mei de finim: assuntado que tem boi na linha das palestrada escusa, e que rende a noite toda, a noite mais escusa fô. É do gosto da crítica dita fulêra fazê o discurso direto do home, o tempo todo, apontar logo p’r’os monolóquio dos antigo, p’r’os teatro, p’os papo de cumádi, p’os drama d’uma gente só. Isso é bestêra. Cumeça que num é só isso. Isso é mais que pouco. Isso é pobre, pobre, pobre e de marré. Vejamo.

Discurso do home, subrim do jaguaretê, dá mais que palmo de drama pra manga de defunto sem cova, se eu posso dizer assim: dá é um nó no reparto de um gênero do ôtro, misturando peça de causo, de dramaturja de caipira, de pira e de pora, e tudo que é jeito, chei de enxerte de depoimento que bem que podia ser virídico se fosse mermo de um home mermo desse, se tivesse tido um, e chei de fala dos erudito de sertão, de pai de dicionári do lado, de invenção e mais invenção. Parece o diabo, mar num é o diabo não.

É trombeta, trompa, trombone, corneta, os corno, os berro... Pode pensar em uma coisa de música, de voz de cadência jogada nos monturo das oiça, de polifonia à folote, de um monte de gente falando junto por uma boca só, valei-me, que é quage isso. Quage, porque tudo escapa, se reparar direito. E mostro os apreceio.

A historiazinha besta que eu caçei em cima, todo mundo concorda mais ou meno que é essa a história que se passa afinal, mas que afinal não se passa côra ninhuma, porque não é essa história que é das conta do conto. Enquanto o subrim do jaguaretê aumenta um ponto na prosa, o leitô aumenta ôtro no entindimento do mermo conto, que se passa.por trás da fala e deixa de ser dramaturja, e começa a parecer mermo uma história, dum home que era muito faladô e tudo mais. Como se fosse duas história. Uma que o home conta, ôta que o povo entende debaixo, de fundo, de contra a forma que é contada. Prosa boa, dramadinha, rimosa, até. ‘Té aqui tudo bem, mas segue que tem pelelja.

Segundo, a’despois, essa coisa de meter o dedo nas fala tudo, incarná o sangue do caboco nos óio, até nas eguáge da boca cumendo letra, trocando os som, midindo o acaso da orde, dos impulso, repetindo, fazendo lista de coisa nas estrompa, dando detalhe de jeito, maneira, mode, qualidade... Meste Rosa, escritôzim desse conto, fez bonito de mais da conta. E como se num bastasse, ‘inda tem falância de grunido, nhengage de índio perdido, mato, estalo de bicho, miado de onça, sudenga, supapo, matutage de fumo e melisma embrabeado de cachaça quente nas goela abaixo. Ixe que dá ‘té troço de cum pouca na língua. Trava fêi. Isso, mode dá conta da viração de índio em bicho onça. Mode de gente tudo acretitá, pregá as pestana no testo, metê medo. Só imitando mermo gargalo de jaguárinzim pra chegá aos parecido. E a disdobra da conversa é pra chiá reclamo: da gente que véve a vida inteira e num parece feito gente, num sussega nada. Doido.

Tercêro tem um romance dentro de tudo, no mei das onça, c’uma onça. O home e as maria-maria. Conversa de fazerr hum-rum no juízo, de dá bons conselho, de proteger as cria, de dormi junto, esparramado os dois, de fazer jaguanhenhém com se fosse cafuné de preto. A valia é que o home faz criar vista nela das vantage de mulher mermo, formosura, manho, essas coisa. Pegando um detalhe se quizo, tem. Tem possive cena de idílio, e tem inté sexo, sexo mermo, se os crítico petece enxergar pelos mei.

Episódi vale de quê? Olhe: vale de humanizar o bicho home que o jaguázim as também é. P’á dá um salpicado de fogo e pêlo nessa solidão de brejo e muita perdura, disconfiança, cangaço, ceifo de foice, o diabo. Vale de fazê o coração cativo das onça mansa, sem querê cumê, só encostar, posto visto que parente de jaguá num carece mais nem um achego de gente, que enjoô tudo as conversa, as besteira, as maldade, os furto, as trapilha, as espora, os juízo, os preço, os à parte, os fíi, as sorte. Vale de ajuntar tudo num cofo só e picar longe. Maria-maria, essa não. Maria-maria vale de chegar cum’s pensamento tudo bom, tudo certo, tudo bunito, tudo prazenteiro, como manda os pensamento de onça mermo, que dá sossego e fome, e a’despois passa, como tudo nesse mundo. E segue.

Se a história desse home seguisse a boca mosca do povo, disse me disse igualzim de carecer, de tudo, espalhava notícia rúim que era uma praga.

 

Deu a vez de um sinhorzim caçador, perguntador, reparador das coisa, passar a noite  toda a desconfiado, a lascado de medo, escorando as costela no sereno sem querer nem deitar cum’s história de onça e de esconjuro, nas beirada de amanhacer logo pra enxergar uma picada e ir simbora.

 

Mas a história vira bicho, bicho mermo, um grunido de gatuno só, fosco, bêbo. Vira resto de saborra em bica de garrafa, vira índio de novo, se agarra nos magote, arranca pedaço, e num é o diabo não, que esse tá na riluta de aparecê, mas só vem no Grande Sertão, romance só lá de mais tarde do Meste Rosa, cum hora marcada, cum pacto de sangue, cum faca nas beiça, cum os meio da rua, cum redemunho, cum paixão destrambelhada pelas vereda tudo. Home que num é onça, home que é carcará. Uma brabice só.

Mas desse home jaguá, voltando o torto da prosa, p’ra dá ela por sartisfeita, se inventa muita história diante das varanda, dos sono de sacabuxa, dos ribuliço na palhêra, nos puxado. Valei de figa, valei do que seria os ermo sem as andança...

 

Sinhozim tinha perdido o rumo das vereda mas tava entendendo tudo, tudo. O home era mei home, mei bicho mermo. Pode de ser nem um tiquim frouxo p’ra segurar a zagaia perto dele e das peste.

 

Se num dormir de véspra dá p’ra chumbar bonito. Tem que ser bem nos peito, ou na tela logo que é um só. A’como um sirviço pago. Um só, p’ra num fedê.

 

Iauaretê? Carece de ser mais ligeiro. Ô então num tem nhenhém que resolva. É crau.

 

UM DEVIR CRÍTICO AO IAUARETÊ

Por

Luciano Monteiro

 

Eu – toda a parte. Tou aqui, qunado eu quero eu mudo.

Guimarães Rosa

            Hâum! Comé que vai, leitor? Mecê vei ver o que tá assucedendo por esses canto, é? Ramo chegando, ramo chegando! Cê pode fica vontade que o texto é humilde, mas é honesto. Madaro fazê ‘sa crítica em riba dum conto, agora nóis tá fazendo né? Com tempo, até que mecê vai se acostumando, de tanto fazê, fazê...Ói, des que eu cheguei nessas banda de cá que mandam fazê texto de tudo qui é troço. A gente num pára nunca de escrevê. Essa agora é uma crítica a um conto dum homi chamado Guimarãim Rosa. Um que fala de onça braba comendo cavalo, comendo gente, do iaiareté...’sas coisa que aparece nesses mato.

            Mas ói, tô avisando mecê: ‘se texto aqui num vai saí na direitura que era pra sê não! Tá saindo é outra coisa. De primeiro que num dá pra ficar nesse nhenhê-nhém dum sujeito só, o tempo todo, não. Senão numa ia sair é nada. Teve que ser ingual que nem no conto: a prosa vareia com as circustança. Índio tigrero que mata parente seu, tem nome certo não. Cada hora nome dele é outro: Bacuriquirepa, Breó, Antonho de Iesus, Tonico, Macuncozo, Tonho Tigreiro...

            ‘Se texto aqui – eixi! – também já foi tanta coisa... primeiro que foi era cacique Poriwetã na beira do fogo, despois da contura do Iaiareté, falando de índio que mata outro índio a mando, pra mór de ganhá dinhero do não-índio...despois era suçuarana, bicho manso feito gente, no meio daquele monte de bicho brabo; suçuarana contando história de parente traiçoero de pinima... ei, despois ainda era geralista seu Nemésio, filho de dona Quitéria Benzedera, falando das história desse povo, que nem dotô Camará Cascú, dando uma aula inaugurar do Colér’ di Franci... – ai, ai, ai, essa devia sê a milhó de todas!

            Ma dei’stá... mandaro disonçá ‘se texto agreste, mor de ficá milhó de entra e saí... Ma nóis acaba virando ingual – mecê intende? Num se faz coisa dessa sem ficá meio que nem outro, entrá em riba da lugareza de outro sem outrá um cadim também. Mecê sabe que nessa vida num se faz nada sem volta, num é? À vez demora, mais um dia tem volta...

            Ói! Fai um mês que conheci dois irmão ashaninka, Isaac Pinhanta e Valdete Pinhanta; povo das banda de cima na frontera do Peru. Ashaninka contaro as história de índio que ganha dos não-índio a mor de matá povo da aldeia. Despois eles volta mais pro meio dos índio não, mas num deixa de ser índio também. Aí fica vagando sozinho pressas ladeza dos mato, bicho brabo, vivendo de roubá, de matá-de-aluguel... traiçoeero! Meio que nem jagunço, que nem bicho predador, jaguaretê-pinima.

            Agora, deixe mudá um cadim de posição, que minhas perna tá dolorindo! Humm...

            Mecê deve de tá sabendo que texto num é coisa ingual às outra não, isso qui os dotô chama de ombijeto diz-tudo. Eixe! texto é pior que cambalião-pedreira qui se esconde debaixo dos ói. ...ombijeto diz-tudo, tá bom! ‘ses dotô pensa que texto é ingual papagaio de matera criado em casa, que fala sempre a meima coisa. Tamanho de texto num cabe dizê ingual de pedaço de chão: vareia! Cê sabe escrevê discritivo, sabe medir, fazê laboratório? A’pois, adianta nada não! Texto, cadora que mecê olha tá outro. Carece de sabê olhá com vontade. À vez mecê olha bem direitim, ele parece tá drumindo de tão quieto. Cê pensa que vai ser fácil e vai buscar papel e lápis mor de escreve tudo. Quando volta ele tá acordado, se espalhando pra tudo que é lado. Agora cê tá na mão dele, pode esquecê tudo que tinha pensado... Ele que diz o que é que vai, que é que fica; vai dizendo por baixo das palavra... Parece que sabe, quando a gente chega, fareja o que é que nóis tá pensando...

            Ââââiiiiiii... Humm, eu tô com os osso tudo mulestado de cansaço... Também despois da trabalhera que deu chegá até aqui, num tem filho de Deus que güentasse de pé mais não! Ói, mecê fica de olho em tudo aí, vigia esse foguinho que eu vô drumi um cadim e despois nóis continua essa prosa, a-hum? Hr-hrm...... ... ssss, ... ... ... ai-ai! ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... , humm ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..., ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

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..... ...Humm? ... Eixe! Tardou-se, cabe mais nada não! Atimbora, oncero danado! Maria-Maria tá qui não! Aqui num tem ninguém não. Morreu tudo de doença. Tô falando a verdade! Cabou-se! Eu sei de tudo que texto sabe... Ói que eu viro texto também! Atimbora! Apaga esse teu rastro com folha de palmeira!


 
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