A DESGARRADA

ou de como o poético pode estar no educativo[1]

 

Maria Beatriz Albernaz

Doutoranda em Ciência da Literatura

 

Queria fazer presente os acontecimentos que me fizeram perceber que existe pensamento poético na experiência educativa. Para isso, posiciono-me com humildade. Faço silêncio. Aceito e acolho o diferente, o próprio da educação e o próprio da literatura[2]. Queria também dar um cunho celebrativo a esse encontro (pois acredito ser esta minha última comunicação como doutoranda), de celebração à criação e à liberdade. E é por isso que inicio este texto com uma oferenda e que deposito em sacrifício nesta página a história de uma criança que escreveu na 1a série primária uma redação proposta em sua aula de religião. “O que você quer ser quando crescer?”, perguntou a Madre Augusta. Como a maioria das outras meninas, a criança em questão quis ser famosa e rica, como as estrelas de cinema. No auge da politização dos anos 60, no entanto, as freiras protestaram diante de desejo tão materialista. Instada a refazer sua redação, a criança a reescreveu voltada agora para o sentimento de ser alegre. Queria ser a alegria quando crescesse e, assim como um vento divinizado, pudesse  espalhar alegria a todos os homens e a todas as mulheres, tanto nos parques quanto nas guerras. Porém, reconhecendo a impossibilidade de incorporar tal sentimento de modo permanente e influente, ela conclui que melhor seria então querer apenas ter a alegria. As freiras adoraram, deram nota máxima para a menina e a fizeram ler sua redação em voz alta para o resto da turma, de modo que se vislumbrasse ali um exemplo de conduta.

Já vai longe este episódio... Mas permanece, no entanto, a tensão que nele se observa: entre o ter e o ser. Tensão que se traduz tanto na astúcia do saber jogar com as palavras, quanto na descoberta da verdade, que se entreabre na inocência de se elogiar o ter em tempos de condenação da propriedade. Verdade que seduz mesma às freiras e que se faz mostrar apenas por quem não a compreende. Pois eu que traduzo agora no ter, escrito pela menina, a dimensão concreta do ser, idealizado pelo pensamento dos adultos, faço-o sem a espontânea aceitação da confusão verdadeira da vida: a permanente confusão entre o ter, o ser, além dos outros verbos que fazem ligação das coisas do mundo.

Confesso que minha única disposição neste momento é que essa seja uma confusão sossegada, que retomemos da redação apenas o sentimento elegíaco ali presente e o incitamento à união também subjacente, como condição duradoura do ter e do ser. Ou seja: com toda simplicidade, pretendo me voltar tão-somente ao que é possível no momento: elogiar o casamento entre a literatura e a educação como união duradoura do que é ativo e do que é entrega em ambas, como matéria e como lugar de um saber vital, tão vital quanto a alegria. Não é que ambas devam se influenciar, não há nada mais maçante que uma literatura pedagógica ou que uma educação insistente na obrigação à  leitura. Esses obstáculos, porém, não esgotam o movimento que nelas persiste e que faz com que, em cada final de percurso (como o término de um doutorado, por exemplo), ressurja um começo. A união das duas deve se dar, portanto, como a concomitância do vento e do trovão em uma tempestade. Parecem opostos à noção da duração, em seu intermitente aparecer e desaparecer. Mas é, na aproximação dos dois fenômenos, que a energia se faz suave e incitante ao mesmo tempo, assim como a mudança só se configura na constância. Agradeço a ambas (poesia e educação) no tanto que me ajudaram a combater à rigidez no pensar e a caminhar com o tempo no agir, e a me ampliar a acepção do que seja duração, como perspectiva do continuar sendo, dentro dos limites do que tenho.

 

***

 

O que lhes proponho então é que esta exposição se faça em termos figurados por alguns acontecimentos transcorridos no casamento entre a educação e a literatura. São acontecimentos individuais, mas nos quais se percebem vislumbres de humanidade e eternidade. Em seu começo, esta união passou e passa por uma época que chamei Era Escura, na qual os episódios estão carregados de oralidade, o sagrado tem presença orgânica, concreta, e os pensamentos são míticos. Na chamada Idade da Gentileza, fatos da educação e da poesia são espiritualizados. Homens e mulheres participantes renascem, heróis-parlantes na invenção de sagas. No assim designado Tempo, Temperatura, vigora a subjetividade prática e libidinal, em que o desejo reconhecido e diferenciado se reparte e dispersa, na esperança romântica da igualdade. E, por fim, na Escola Moderna, surge um certo maneirismo na convocação da liberdade, que barra lirismos, que - urbanista e antropologicamente - devora as gentes e cria zonas-categorias de vida. Comento cada uma dessas fases, talvez por cacoete pedagógico, para estimular a criação de "filtros de pensamento". Mas é sobretudo como um convite que devem perdurar estes quadros de exposição:

 

***

 

Na era escura, nós não podíamos dizer nada. As mãos estavam unidas, dos dedos pendia dócil terço, com continhas prateadas que lembravam gotas de mercúrio de termômetro. Fácil seria ficar triste nessa ocasião. Nossa figura era melancólica o suficiente. Vocês acham que poderiam ser diferentes, que poderiam imaginar outra coisa que não sangue escorrer das roupas brancas da primeira comunhão? Majestade, senhora rainha, mãe de Deus, mãe do nosso senhor, conceda-me perdão e oportunidades. Os olhos túrgidos e escancarados apreciavam algo da voz dos padres e das mentes canoras. Os olhos túrgidos e os ouvidos escancarados.

A verdade deveria aparecer. O homem com a barba por fazer dava milho às galinhas, tirava o leite da vaca e lambia as tetas do animal para que nenhuma gota se desperdiçasse. Enquanto caminhava ouvindo os passos de sua bota de plástico sobre o cascalho e o orvalho da manhã, o homem suspirava pela verdade. Um anjo o acompanhava sob a forma de uma brisa. Tirava seu cabelo do lugar. Encostava no seu ombro e afagava. Cada vez que o homem se abaixava para apanhar a bosta dos bois para o esterco, o anjo ia direto nas narinas do homem. Quando ele se levantava, ia aos ouvidos e soprava. Soprar em qualquer direção, era seu conselho ao homem.

 

Na idade da gentileza, a descoberta da irreverência na diferença das raças, da indiferença na vida do casal, da veia poética da indignação em filas de bancos, da generosidade nos bancos dos ônibus, da nota social nas agremiações literárias, da tenência e fidalguia dos aposentados de Copacabana, da paciência dos animais diante da intelectualidade humana, da utilidade dos porteiros dos edifícios da zona sul, do perdão diante da sacanagem nas agremiações literárias, e da bela figura de um professor quixotesco em Laranjeiras: Dante, o velho, separou-se por dentro como ossos a despojar. Instrumentalmente pensou: “ossos de fêmur”, longa separação. “Tíbia”, a veloz mudança. Pequenos ossos dos dedos dos pés, “tarsos”, “metatarsos”... minha vida passaria sem esses pequenos ajustes? Como quem arruma a caixa de lápis de cor, pensava em como deveria sentar, ou deitar, para poder mostrar “a mais bela imagem que poderás ter de mim”. E esculpiu-se, enquanto o ar era exalado: gás de cozinha por entre as frestas do fogão.

 

Em Tempo, temperatura, um aluno se apaixona por sua professora de artes em uma escola pública em que o desejo rola no meio de latrinas entupidas e de murais de papel currugado com o dizer “Feliz Dia das Mães”, em pleno final do mês de junho. Naquela noite, Marcos (o aluno) chegou a ser Marcos. Foi sua primeira vez. Ainda era aula quando mordiscou a ponta de um lápis. Uma pontinha de madeira já toda carcomida da ponta de seu lápis caiu no papel branco. Camila (a professora de artes) tinha falado em texturas e trouxe vários tipos de papel. Não lhe importava a indiferença dos outros alunos naquele momento. Ele próprio lhes era indiferente. No seu papel, a pontinha de madeira do seu lápis. Com a pontinha do seu dedo sobre a protuberanciazinha solta, ele rolava e tocava a textura. Pensou no professor de história, enraivecido contra o sistema. Ele dava aula no primeiro tempo e isto era muito cedo. Sentiu-se empurrar o professor de história com a ponta do dedo. Nada, ninguém. O papel estava em branco. Foi então que escreveu sobre ele: “pele”. Escreveu com um pedaço do grafite que tinha caído da ponta carcomida do seu lápis. Arrastou o grafite e foi escrevendo “ p  e  l  e “. E esquecido, “corpo amado”. “Broto e caule, você é meu amanhã. Minha hoje.” Da sua pele, ele suava. Do seu lápis, saía poesia. “Ventre, espalha em mim seus sonhos.” E por aí afora.

Naquela noite, quando deitou, Marcos também deitou um poeta.

 

Na Escola Moderna, se encontra a professora do meio-dia. Ainda faltava uma hora, mas já era tempo. Hoje ficaria ao lado de Júlia Mara. Desde que Júlia Mara tinha dito que queria ser professora como eu, estava mais alegre. Estava animadinha. Desde aquele dia em que lhe tomei o pulso, ela deitada no meu colo, menina já mocinha, mas da roça, triste porque dizia que estudar não valia nada. “Minha mãe disse assim, tia: ‘cada um que morra como puder.’ Ela queria dizer que minha vida, quisesse ou não, seria a da enxada. Então, pra quê todo esse sofrer de escola, tia? Se vou morrer com o facão cego na mão?” Era minha responsabilidade animá-la e disse a ela que as coisas não eram bem assim, que tudo dependia de luta. Tomei o pulso dela e a chamei pra uma vida com outro sistema. Era preciso que ela sentisse o gesto pacificador da vida.

O sol era o mesmo depois de cinco anos. Minha mãe me chamou e eu não fui. Ela agora já foi pra roça. Eu acabei a 4a série e tenho meus princípios. Minha prof. Vera, aqui os colarzinhos que ela me deu, aqui dentro do meu coração, aquele calor da vida. É hora de uma “louvável atitude”, como ela dizia, mas o que seria louvável agora? Me lembro que a essa hora ficava no portão da escola esperando que ela despontasse na estrada. “Calor, né tia?” “Menos mal que tá seco, chão de barro encharcado entope até o buraquinho do umbigo”. “Tia, mas essa poeira também...” “Poeira nada, menina. Anda Júlia Mara, vai correndo chamar os preguiçosos que já é meio-dia.” Júlia Mara corria, a professora gritava: “Júlia Mara!”, ela se voltava, “tô gostando de ver. Tá faceira, hein?”

O que será dessa menina, eu não sei. Talvez daqui a cinco anos possa ir pra cidade. Tem 12, tá na 1a. série, com  mais 5 anos, contando as repetências, as faltas e coisa e tal, com 17, podia se arranjar dela trabalhar em casa de família e ia pra cidade, movimentar a máquina. Estudava de noite. Antes de casar, estaria no Curso Normal. Noivava. Formava. Não ficava no campo morrendo de fome, aprontando pau de cana, pros outros arrancarem. Júlia Mara é minha peça bruta, não vai virar bagaço. Por essa luz, ela não vai virar bagaço. Por essa luz, eu vejo qual é o princípio dela.

A tia deixou de vir. Tem um ano que ela deixou de vir, mas antes me segurou pelos pulsos como ela dizia que era pra eu não cair. As pupilas dela, brandas feito de vaca, diziam que ela acreditava em mim. “Não é pra ficar derramada, Júlia Mara. Não importa saber como é que os outros vêem a gente.” Será mesmo que não importa saber que pra minha mãe eu corro do serviço pesado? Não importa saber que pro meu irmão eu quero é viver folgada, que me acho superior a eles, que fico sonhando em melhoramento e que eles, que são cortados, eles é que vivem como a providência quer?

“Não é questão de revolta, Júlia Mara”, me lembro que ela falou que então se recusaria a ser emborcada assim que nem o resto da família dela. Família é grupo cerrado. É bom porque acolhe. Mas a gente só sabe depois. É que família, por ser esse grupo cerrado, também pode ser viciada em sacrifício coletivo. Eu me sinto uma máquina de oxigênio pra Júlia Mara. Não quero turras com a família dela, só quero que vejam que a criatura  tem suas características. A natureza, Deus me ensinou, é mais importante que a família.

A tia me deu alegria sim. A gente se prestou uma à outra. Se não fosse eu, ela não ia ser a boa professora. Ela foi quem me observou a tristeza, foi a primeira vez que eu mostrei que queria outra coisa que sofrer dos nervos e ser feiosa. Mas agora meio-dia, hora da marmita de quem cortou cana desde manhãzinha. Hoje entrego essa marmita deles, faço esse gesto, que está oco, e amanhã, se não fico demente, me entrego a um outro alcance. Onde meu pulso chegar.

 

E, para encerrar,  eis o ponto de partida na realização desta exposição. Apresento a vocês, “A desgarrada”, peça produzida no que se convencionou chamar como Teatro da Crise. Trata-se de uma comunicação pronunciada num certo “Seminário Nacional de Professores Desgarrados” e fazem parte das confissões de uma ex-professora primária:

 

            Eu não tinha praticamente nenhuma experiência como professora primária. Não tinha muita experiência, mas estava cheia de idéias sobre a melhor educação. Era estudiosa, possuía boa cultura, falava com certa desenvoltura e algum entusiasmo. Bom, Dina (a diretora de uma escolinha) me deu a 1a série. Havia também uma série de normas sobre como proceder na escola, regras de disciplina arroladas em um papel, que Dina também me deu. E mais uma lista do material que deveria ser cobrado dos alunos, além da determinação dos dias para ditado, redação, o hábito da leitura matinal, a pesquisa, o caderno de pesquisa, caderno de dever de matemática, português, inglês (a Dina se encarregava da aula de inglês), ciências, estudos sociais. Caderno de dever, caderno de aula. Me debati contra estas regras. Minha sensação já era um pouco a da formiga se afogando. Também havia a forma de proceder a correção do ditado, a forma de proceder a pesquisa e o calendário de provas e de festas. Também havia a chamada e o primeiro dia de aula.

            Não quero que vocês me vejam como a vítima desse sistema irracional ou dessa perversão do racional, mas eu era. Eu era a professora totalmente tomada pela preocupação de fazer bonito mas que no primeiro dia de aula se atrasa e se afoga no material. No primeiro dia de aula, já sentia aquela sensação diabólica de que a vida estava muito longe dali.

            - Tia, a gente vai ficar no meio dessa bagunça até que horas, hein?

            Eu ri, primeiro senti mais um pouquinho de raiva, mas depois eu ri. O riso ainda tinha esse pouquinho de raiva, o que despertou minha autoridade.

            - Não gosto que me chamem de “tia”.

            Todo mundo parou de conversar e ficou me olhando, esperando mais novidades. As mães já tinham sumido. Estávamos só alunos e eu. Ismael cochichou com seu amigo (parecia que praticamente todos se conheciam) e riu. Era um riso parecido com o que eu tinha dado. Os dois eram irônicos. Apenas o meu tinha ironia movida à raiva e o dele tinha... não detectei o quê. Como naquela  hora precisava agir com rapidez, interpretei como deboche. Fiquei com mais raiva.

            - Não sou parente de vocês. Sou professora.

            - Tá legal, tia. Quer dizer, desculpa, tia. Quer dizer, professora.

            O riso de Tânia era desimpedido, superior, divertia-se com aquela situação. Material espalhado por toda a sala, todos parados diante de uma professora que já deveria estar dando ordens e dando ordem àquela bagunça há muito tempo, e que em vez disso preocupava-se em ser ou não ser chamada de “tia”.

            - Mas onde a gente guarda essa coleção enorme de cadernos e mais lápis-de-cor, quer dizer lápis-de-cor eu quero levar todo dia pra casa, e mais merendeira. Merendeira, professora, a gente pode pendurar aqui que é o lugar de pendurar merendeira. Vem gente, todo mundo pendura as merendeiras aqui.

            - Tá bom. Todo mundo pendura as merendeiras nesses ganchos. E eu vou fazendo a chamada enquanto vamos fazendo as pilhas.

            - Isso, professora. Pilha de cadernos de matemática, de não-sei-o-quê, de não-sei-o-quê-lá...

            Agora, todo mundo ria aliviado. Eu fiquei mais calma e já conseguia me divertir no meio daquela bagunça. Vi que Dina espiava na porta. Ela ficou só por um momento, me deixou um pouco mais de raiva e saiu.

            Estou vendo que algumas pessoas da platéia estão inquietas. Não sei se já é hora de tomar café. Sei que há a hora de tomar café. Que horas são? Bom, eu queria instituir uma coisa: quando a pessoa estiver com vontade, se levante e vá tomar café. Esssas pequenas desordens me fazem sentir mais livre.

            - Isso é uma bobagem. Eu estou aqui representando a Tânia, professora. Coloque ordem nas coisas. A senhora está ungida deste poder e não deve fugir dele.

            - O senhor não me lembra Tânia. Me lembra um coronel, ou no máximo, a Dina. Um coronel porque estou vendo que é do Nordeste...

            - Isto é preconceito!

            - ...estou vendo que é do Nordeste pelo sotaque. E porque geralmente a ordem demandada pelos coronéis é sem sutileza, sem o humor altamente sedutor que exercia Tânia.

            - Isto é preconceito!

            - Não sei se é ou não. Não me importo. A Dina também tinha esta teoria sobre a autoridade que o senhor parece ter. Digo “teoria sobre a autoridade” porque ela gostava de me fazer  pregações. Tânia dificilmente discursava sem ação. Ela dava ordens, ela fazia e ela defendia suas ações.

            - Quantos anos tinha Tânia?

            - Oito anos.

            - Não é um pouco pequena para a senhora deixá-la dar ordens?

            - A senhora usou a palavra “discursar”, como assim? Eu não entendi bem... Esta Tânia era superdotada?

            - A senhora não acha que ela tomava o seu lugar,  já que ele parecia vago?

           

***

 

E assim transcorre a cena: a professora vitimada, a aluna pervertida, a platéia sentada como um bando de jurados. Depois dessa saída fiquei ausente da educação escolar, ruminando textos de todo tipo. Me refugiei em poemas, entre projetos em favelas e serviços em publicidade. Voltei há cinco anos para a universidade, em busca primeiro de um diploma e depois (graças à sensibilidade de alguns professores e a uma inquietação de aluna eterna) vislumbrei novo quadro: Paidéia Poética, instância ou simplesmente de como o poético pode estar no educativo. Quer dizer, encontrei uma forma de fazer durar aquele casamento.

Mas, tomada pela intermitência do próprio pensamento poético, não posso deixar de me perguntar:  há caça neste campo? Há ouvidos nestas paredes? Se não, o contar segredos é inútil. No transgredir amoroso que agora busco, calmamente me deixo tomar pelo pressentimento e escrevo, embalada pela cadência da intuição que rompe a fixidez dos conhecimentos e a mediocrização de nossa capacidade de sentir. O que reforço agora é o sereno apoio entre literatura e educação. Desejo modéstia à literatura e flexibilidade à educação. E pressinto assim um trabalho que, se não trouxer fortuna (e fama como o das atrizes de cinema), pelo menos há de ser afortunado, no sentido mais infantil do ser e do ter alegria.


[1] Comunicação no COLÓQUIO ENTRE-LUGARES: ARTE E PENSAMENTO, UFRJ / out.-2005.

[2] Sei que o poético resvala em território muito mais abrangente do que se define como literário e que, no âmbito do literário, nem sempre se dá lugar ao modo poético de pensar a realidade. Mas foi preciso circunscrever a poesia a uma prática e é enquanto um dos modos de fazer opesia que surge aqui o nome de literatura.
 

 

 

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