MADRAS

Ex-votos, estesia e sacralidade – a urdidura do binômio vida-morte no tecido poético de Farnese de Andrade e Arthur Bispo do Rosário

 

Janaína Laport Bêta – Bacharel e licenciada em História da Arte pela UERJ e bacharelanda em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ.

 

O presente estudo esgarça cuidadosamente tramas do tecido que corporifica obras de Farnese de Andrade e Arthur Bispo do Rosário, buscando estabelecer entre produções de densa carga poética, não obstante, díspares - pontos convergentes.

No entrelace de meadas urdidas em arte, o tecido vivo – poéticas que se constituem, a um mesmo tempo, do universal e do particular. Bispo e Farnese, singulares modos de coser obras. Por tesouras o olhar pensante e arguto. Em retrós misto, linhas de vida e morte, conduzidas por agulhas ora sacras, ora profanas. Por intensidade do matiz dentre as muitas fibras um destaque: a sacralidade. A ser pensada em sentido outro que não o litúrgico; por vezes se apresentando na forma de ex-votos, em inúmeras outras, em vestes de corpo etéreo, quase um voille. Pensamento plástico - tênue véu a sacralizar a experiência interior [na alfaiataria de nosso pensamento moldes de George Bataille]: seja ela fé messiânica, angústia, erotismo ou riso - em livre jogo de velar e desvelar.

À margem das questões artísticas, a estesia da fé - advinda de paralelo universo sacro: salas de milagres. Em diálogo a materialidade da graça e a produção artística contemporânea. Galerias litúrgicas abrigam acervo colossal - objetos múltiplos que se agrupam em assemblagens, imbuídos da responsabilidade húmile de plasmar gratidão. Toda potência estética advinda do acúmulo, do fragmento; o ruído insano das imagens que ferem o silêncio em contínuo murmúrio; retalhos de histórias individuais, diversas - das quais não se sabe o início, tão pouco o fim, apenas o meio - em alinhavos de fé se eternizam em ex-voto. Oração plástica que se faz audível ao olhar, imprimindo no observador sensação análoga àquela de estar parado arrabalde de ruidosa procissão.

Dos ex-votos, a estesia; da discussão plástica do binômio vida-morte, a sacralidade – de rocas distintas os fios, por tear a sensibilidade artística. Visualidades que habitam a superfície da trama poética em articulações existenciais, ainda assim menos evidentes na forma que nos conceitos que perpassam obras de Farnese de Andrade e Bispo do Rosário.

[Este o feitio da costura].

Antecedendo o risco, o molde – possibilidades múltiplas.

Dentre todas - o sagrado. Há que se estabelecer adequações do pensamento a esta instância.

Buscar o sagrado, livre, autônomo, despido de todo e qualquer conceito cerceador. Em arte enveredar por pensamentos onde conceitos se emancipam, absolvidos de compartimentações, maniqueísmos, dicotomias; a sacralidade a desvelar-se em multiplicidades; sagrado e profano em relações intercambiáveis se permeiam, mesclam-se. A hierofania em viés estético, perceptivo [na arte onde o corpo vê, sente, pensa] é de outra ordem – menos espírito que matéria, profana em sua sacralidade.

Em nossa humana história, muitas as faces do sagrado; algumas causam estranhamento e embebem em perplexidade o ocidental e moderno pensar. Vastas são as planícies por onde se espraiam sentimentos sacros; em relações estreitas com especificidades culturais, é força manifesta em árvores, pedras, seres, águas – corpos naturais que em dado momento desvelam algo que excede sua condição imediata.

Na sacralização dos espaços, os eleitos. Em sagrações particulares, vivenciais, a força do lugar memória, seja o homem cético ou crente: de infância, de amores, de sonhos. Espaços devidamente assinalados na cartografia dos seres como lugares sacros, onde se teceram relações homem-mundo, íntimas, essenciais – ao menos àqueles que poeticamente o habitam. Nossa busca: experienciar o sagrado em estâncias profanas, deixando-nos conduzir à fronteiras do sublime, onde a humana condição reafirma-se diante do poder que foge a paradigmas da razão cotidiana e fraca. Escapar de oposições supérfluas, limites bruscos, abreviações - não há em nossa agulha desejo de bainha. Pensar a heterogeneidade dos espaços. A força do espaço-lugar-sagrado que ordena o caos. Espaço-força que escapa à homogeneidade caótica. Espaço-obra, Espaço-arte. Antagônicos à neutralidade, não explicam: problematizam, tensionam.

A arte se firma como espaço sagrado por constituir-se força capaz de mover afetos, pela perenidade que confere a produções e pensamentos humanos, e, especialmente, pela potência estética e poética em múltiplas re-significações que inúmeras vezes, ao estreitar a distância que nos separa do sublime, reaproxima-nos de nós.

Para todo corte um risco. Sobre o tecido o molde.

Com o olhar – e neste momento tornamo-nos um pouco artistas – a ação. O risco antecede o corte. Traçar o sagrado. No desenho - esboçado a giz de cera - o contorno dos ex-votos.

Das salas de milagres estesia esmagadora - a materialidade da graça tem força poética. O corpo plástico da gratidão é fragmentado, multifacetado, não obstante, belo, potente. A fragmentação nos conduz aos domínios da poesia de T.S. Eliot, cujo princípio demiúrgico reside na tensão antitética entre a parcela-fragmento e a soma poema . Objetos pendem agrupados, fortificados pelo acúmulo: pés, cabeças, braços pairam sobre nós – na gratidão do milagre, o teto da fé.

Não mais tábuas votivas – a carne dos ex-votos é industrial, produzida em série. Na cera a fala: tempo presente, não há outro modo. Muitos são os tempos descritos na diversidade dos materiais que firmam a atemporalidade da fé.

Objetos religiosos produzidos em série - parafinas sépia e salmão.

Entre os testemunhos, objetos outros, advindos do cotidiano, descolados de seu contexto e resignificados, falam obliquamente de Marcel Duchamp, ready mades da fé. Testemunhos não verbais dos milagres particulares formam verdadeiras assemblagens de objetos para o desuso: relógios que marcam tempo - não o nosso, o desuso: relógios que marcam tempo - não o nosso, o da credulidade; tampas de panelas que ora estiveram vazias, ora cheias [quando assim, esse o milagre], fotografias que em busca de glorificar a cura, eternizam mazelas aprisionadas na superfície do papel; pedras retiradas do caminho; chapéus impregnados de memórias, brinquedos que não alegraram crianças; garrafas cujo líquido não será mais sorvido por lábios que foram absolvidos dos meandros do vício pela força da fé. Na arte do milagre, fé corporificada, ex-votos – o homem e a busca da forma plástica que plasme sua gratidão; cuja graça habita a força da credulidade.

Pedaços de mundos distintos, sacralizados em tais objetos, povoam espaços que se constituem verdadeiras galerias litúrgicas de visualidade e estesia imponentes. Objetos que por vezes migram deste território a outro também permeado de sacralidade, ainda que esta seja de outra ordem: o território da Obra – lá, sob o olhar pensante e artístico, a arte do milagre é veste sacra para o milagre da arte.

O esboço do risco a ser transposto para o tecido Bispo e Farnese: A visualidade estética advinda da fé popular como força por vezes latente, por outras, pulsante, entre fibras poéticas das obras a serem analisadas.

No tecido o risco - cortemos.

Farnese – O apropriar-se e profanar objetos sacros, consagrando objetos profanos na sagração de lugares-memória, corporificando em obras, aqui entendidas como ex-votos que não eternizam cura, o que George Bataille chama experiência interior: Angústia, riso e erotismo.

Bispo - fé messiânica advinda do delírio, dá corpo a uma produção artística consistente que se aproxima dos ex-votos, através da visualidade, do acúmulo nas assemblagens, vitrines e carrinhos de acumulação que nos remete às assemblagens da sala dos milagres, e pela condição inerente à obra que se insere naquilo que presentifica milagres – em Bispo, o da criação.

Acertemos as bordas – no tecido uma ourela: a visualidade - aproximando produções de universos distintos que se tangenciam. Na outra extremidade a borda irregular, a espera de aparas: a condição de ex-voto excedendo a visualidade pura e simples, aproximando-se do pensamento, do conceito. Objeto plástico que plasma crenças, modos de ver e se relacionar com o que é sagrado e próprio a cada ser, produto da experiência interior. Pontas a serem unidas na costura.

 

Alinhavos

Farnese de Andrade

Não é paz, tão pouco hedonismo – é suplica, guerra, angústia.

No tecido poético vastidões desérticas, solares, demarcadas na experiência do homem consigo mesmo. Na gênese das obras sacralidades profanadas em apropriações: objetos de fé originários das salas de milagres [memoriais ao sofrimento], pequenos oratórios curtidos em murmúrios de ave-marias [ (...) há neles o mesmo anonimato das tábuas de corte e das mesas de açougue, adicionado aos mistérios divinos e a segredos íntimos; pois em vez de sangue, neles foram derramados lágrimas] , mobílias por vezes carcomidas, calejadas de servilidade, fotos que eternizam os que já foram; bonecas mutiladas [impregnadas do choro de meninas as quais pertenceram ou não]; a escolha elege peças que emergem da dor. Objetos a se tornarem fragmento de outros, transpostos à esfera daquela que oscila entre o sagrado e o profano - a Arte.

A persistência do devir ex-voto - que já não celebra cura, tão pouco, vida – advindo não de uma autobiografia de fé, mas da experiência interior corporificada em poética de silêncio, angustia, riso, e erotismo. O artista transpõe seus limites, e se aproxima do sublime na medida em que abrevia a distância que se interpõe entre sua arte e o extremo do possível [delimitação fronteiriça entre razão e êxtase, pequenez e grandiosidade, morte e vida, medo e galhardia] . No extremo o homem escapa da estupidez que limita.

Farnese, na habilidade de transformar o particular em universal, avizinha-se do extremo do possível, quase o transpõe. Por matéria a ser transubstanciada pela capacidade criadora, a angústia, materializada em obra – objeto plástico que se corporifica na condição de ex-voto - carne de sua experiência interior.

Interdições imemoriais advindas das cercanias da infância: proibições, censuras, espectros indissolutos, indissolúveis, arqueiam seus ombros. Exorcizá-los – reuni-los em um só espaço, confiná-los todos a um só tempo, aprisioná-los em obras – enigmáticas, quase indecifráveis.

Em sua arte objetos impregnados da ausência de esperança – um estado de desespero solar que nos conduz à vertigem da escrita de Georges Bataille sobre a angústia, assim como a inteligência, como meios de saber, que conduzem ao limite do extremo - onde o extremo do possível não é menos vida do que o conhecimento. Supõe riso, êxtase, aproximação aterrada da morte, agitação incessante do possível e do impossível.

Farnese justapõe objetos, mescla-os, arranca-lhes a origem, a utilidade. Despe-os de sua forma primeira, traveste-os em outro, dando corpo a figuras perturbadoras, inexistentes no acervo imagético dos seres, meio-termos, alegorias da morte, repletas de emoção poética capaz de tocar-nos de modo incomum – “objetos de perplexidade”. A poesia aterradora, desesperançosa, abrigada nas imagens de Farnese, introduz o estranho pela via do familiar, e nos arrasta. Farnese disseca objetos e homens – em suas obras pedaços de sonhos, desejos, mesquinharias - desenho cruel e real do que somos. A vida sendo comandada pelo mesmo medo que cambia fé e esperança; o lenitivo: morte idealizada. Religião é a censura, a arte libertação. Dois frascos, um mesmo veneno.

A compreensão da morte, a finitude da carne, a brevidade torturante do tempo – atos da tragédia humana. No passado a perda, o que se foi não volta – o rio da vida corre e não retorna. O lugar-memória inquietante, cruel, faz do artista Farnese o guardião dos destroços, tragédias, dores. Em seus objetos, relatos-lembrança - rancores, depressões, recalques . Produtos de vivências próprias ou alheias [condição de possibilidade de esquizofrenia artística: outrar-se ] .

Garimpeiro - debruçado sobre o oceano do tempo busca materiais que encerrem sensações perdidas, memórias inconfessas – o inconsciente, afetividades, religiosidade [ainda que de outra ordem].

Das dores que sacraliza, a maior: morte. Em relação de sagrada ironia estabelece flerte com a mãe de todos os mistérios. Na sacralização da morte, a angústia o riso e a libido conduzem ao êxtase - sua arte.

O que torna a face da morte angustiante é a necessidade que o homem tem da angústia. Subtraindo esta necessidade a morte parece fácil. Morrer mal nos distancia da natureza e engendra-nos em ilusório e humano mundo moldado pela arte – o trágico. Paradoxalmente a morte absolve da angústia, revelando-se consolo contra a consciência do sentir.

É neste mundo trágico, artificial, que nasce o êxtase. Sem dúvida todo objeto de êxtase é criado pela arte .

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Do Silêncio e Da Angústia

Viemos do mar, 1978

 

Mas onde desembocam afinal as ondas de tudo que há de grande e sublime no homem? Não há, para essas correntes, um oceano? Seja este oceano: haverá um.

Ondas anti-sonoras emergem do cerne da obra e quebram na praia do que somos. Por espuma branca a sensibilidade estética a bordar a superfície lisa. Suspensa, inserida no silêncio abissal da resina, uma explosão de vida. Na condição antagônica do que sequer murmura, ela, a vida que costumeiramente grita, transfigura-se naquilo que cala, morre. Ausência das palavras, dos sons, do ar que os propagam - no vácuo do silenciar poético proliferam-se rumores da morte. Na dialética da existência proposta por Farnese, morte é tese, vida antítese. O silêncio brada a fraqueza das sínteses - é arauto da morte.

A palavra silêncio é ainda um ruído.

O silêncio em Farnese é linguagem, não esconde, mostra; exprime angústia inerente a tudo que é humano. Seu objeto: um ex-voto [possível leitura] - ainda que o relato seja antes de descrença - torna tangível a experiência calcada na angústia de perceber esboçado na pauta dos seres notas que compõem uma sinfonia de allegros e adágios - vida e morte regidas pelo tempo: limite, prisão – ao homem restando apenas a certeza do fim.

Sob a superfície fria da obra, Farnese é o criador, age, estagna. Congelamento [sensação de] - propriedade inerente às resinas – evidencia a breve lacuna entre nascimento e morte. Resolução formal que avia possibilidades de transmitir, sacralizar, oceanizar sentimentos relativos às vastidões desérticas do homem, onde a insignificante condição de ser mortal impera e cala na alma angustiada.

Tempo suspenso, estagnado, congelado em poliéster [futuro-presente-passado]; o vazio, a não eternidade. Viemos do Mar - a consciência é apenas uma pequena interrupção entre o nada e o nada - o vir-a-ser, o estado fetal, em silêncio diz de nossa condição, onde somos o que somos sem ousar sê-lo , sendo a experiência humana, apenas embrionária em nós. Não obstante temos a vontade de ser tudo, e esta vontade nos rouba estabilidade, despedaça-nos. Do começo ao fim desta vida humana, que é o nosso lote, a consciência do pouco de estabilidade, até da profunda falta de qualquer verdadeira estabilidade, libera os encantos do riso .

 

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Da Angústia e Do Riso

Sem título, 1978-1984

 

O riso comum supõe a ausência de uma verdadeira angústia, e, no entanto, a sua fonte é também a angústia.

Georges Bataille*

 

Vida - risível em sua finitude.

Homem - religioso, intelectual, filosófico – vulnerável, efêmero, escravo do tempo. A tragédia humana que o artista transmuta em obra tem vários atos, por vezes se avizinha da comédia. Na vertigem da escrita de Bataille a vida se perde na morte, os rios no mar e o conhecido no desconhecido, onde o contra-senso é o resultado de cada sentido possível; assim também em Farnese, onde a angústia perde-se no riso.

Também o riso em Farnese é dolorido, doloroso, corporifica-se em amarga ironia, sarcasmo. Fazer rir - faculdade inerente aos ébrios que sorvem, em grandes goles, na taça das amarguras, o líquido destilado em todas as dores, capaz de conduzir os iniciados à embriaguez do humor sarcástico.

O riso se contrapõe ao sério das religiões e dos religiosos, da filosofia e dos filósofos, das ideologias e dos ideólogos. Em arte o divertido combate o tedioso sem, contudo, se opor ou negar a seriedade. Para o pensar não há nenhum ponto de partida melhor que o riso. E as sacudidelas do diafragma oferecem comumente melhores chances para o pensamento do que as comodações da alma .

São Jorge a transitar entre o sagrado e o profano, o mito e a religião. Em sua simbologia, luta, destemor, por grandiosidade a coragem – o cavalheiro em sua armadura reluzente vence o medo, enfrenta a morte – eterniza-se no mito.

Farnese desvela no Santo sua humana condição ao submetê-lo a decrepitude. Por montaria um cavalo sem cabeça, na imagem um corpo maculado, arruinado, submetido ao tempo que eterniza mitos, mas não absolve a matéria, devasta-a.

Na profanação do sagrado a redução do guerreiro mítico a uma humanidade risível. Em sua obra o desconforto do sarcasmo - o artista zomba dos outros e de si, da credulidade; aqui a experiência interior se dá no riso, mas aquele que provém da angústia asfixiante, que atira ao fosso do real, nega o sonho, condena ao vácuo da descrença. Um brinde ao dissabor em lábios embebidos no escárnio que se desenha no riso daquele que em seu êxtase nos mostra a verdade do “herói”, apresentando-nos ao hilário do humano que fabrica ídolos não de barro, mas gesso, como que apenas para vê-los ruir.

 

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Da Libido e Do Erotismo

Oratório de Mulher , 1980-82.

O armário cheio do tumulto mudo das lembranças**

Milosz

Depressão psíquica - transborda limites do explicável, na vivência a única possibilidade verídica de conhecimento de tão profunda penúria, que não se assemelha a nenhuma dor física, excede as possibilidades do corpo, posto que é a alma quem está adoecida.

A violência da doença conduz Farnese às portas da esquizofrenia, mantendo-o distante de tudo: trabalho, vida, de si mesmo. Clausura - sufoca trancafiado na caixa do próprio eu, a cada canto escuro do desespero passivo clamores de morte. Curado, retorna ao atelier, reconcilia-se com a arte, mas já não suporta a visualidade do que se fecha – caixas, armários, oratórios.

Os armários encerravam promessas, segredos, memórias [um poeta (...) sabe por instinto que o espaço interior do velho armário é profundo (...) um espaço de intimidade que não se abre a qualquer um] . O antes fechado cambia-se em abertura, doação, entrega - com intensa carga de erotismo e sensualidade. Do universo sacrossanto da cozinha, dos temperos, de todos os molhos, a forma perfeita – o devir feminino do artista sob a condição formal da gamela – imagem metafórica da feminilidade escavada em madeira: o que se abre, oferta, doa, serve.

No oratório de portas abertas, o convite - segredo revelado, murmurado por gamelas que se sobrepõem em grandes e pequenos lábios.

Oratório - masculinidade.

Gamelas – sensualidade, feminilidade.

Na sacralidade profanada segredos revelados – sexualidade, erotismo.

O homem ignorante do erotismo é tão alheio ao término do possível quanto ele é sem experiência interior. É preciso escolher o caminho árduo, movimentado – o do “homem inteiro” não mutilado . O oratório de Farnese diz dos desejos contidos, inconfessos, do corpo que anseia ser outro. Do cérebro masculino, do desejo feminino.

Na experiência interior do erotismo, o êxtase artístico: Oratório de mulher.

 

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Nos alinhavos o princípio da forma a que submetemos o tecido Farnese, onde fibras encerram experiências com um sagrado de ordem particular, subjetiva, individual, que tem origem na memória dos afetos, nos lugares-lembrança, na angústia contida. Estas sagrações particulares corporificadas em objetos de arte pertencem ao domínio do conceito de ex-votos, corporificam a doença. Em semelhanças e diferenças se aproxima do tecido Bispo - em nossa costura os chamaremos anverso gêmeo .

 

Alinhavos

Arthur Bispo do Rosário

Só a alma atormentada pode trazer para a voz um formato de pássaro.

Manoel de Barros

 

Coisas perfeitas ao desuso, objetos desprezados – sob o olhar encantado do poeta das linhas, encontram a sagração. Outro revelar poético, quase místico, diz de sua obra ardente de restos: estandartes podres, lençóis encardidos, botões cariados, coisas apropriadas ao abandono. O poeta outro – da palavra - percebe entre os objetos um buquê de pedras em flor e desvenda: Esse Arthur Bispo do Rosário acreditava em nada e em Deus .

A urdidura do tecido que corporifica a poética de Bispo se dá em teares da ordem da experiência interior; por mão tecelã, fé messiânica, que, em destra ordem, faz com que o gesto mais forte que a própria mão a urdir, sentencie: inventariar o universo.

Em universo sem fronteiras, o viajor Bispo, na qualidade de guerreiro da vida repleta de coisas de não, mergulha no extremo do possível e transpõe os limites do impossível – lá o devir artista e o fio azul destecido do próprio uniforme de louco, guiar-lhe-á através do labirinto da razão cotidiana e fraca.

Êxtase - a máquina bispo se faz desejante, o particular-universal desponta em múltiplas quinquilharias agrupadas, fortificadas no acúmulo, na potência dos monturos resignificados em arte. Átomos de sensibilidade poética transmutados, repartidos, catalogados em explosões - cada obra um ex-voto a este milagre. Campos em expansão – pulsão de vida.

Bispo do Rosário, construção a que se pode chamar vida – visceral, ainda que à flor da pele. A experiência interior em Bispo é exterior – seu avesso é mais visível que um poste.

De Penépole e da aranha se aproxima no tecer e destecer – contudo não desfaz o já feito; no desfiar do tecido azul dos uniformes a condição de possibilidade de tecer sua obra, ordenar o caos, circular pelo labirinto. Segue o fio, mas distancia-se de Teseu , não intenta vencer a engenhosa prisão, não deseja o devir herói, é poeta, seu querer é a vertigem das idas e vindas em território onde é prisioneiro [voluntário?] da passagem .

No azul-melancolia de seu fio repousa o devir asas – desvelado em seu manto da apresentação; nave da passagem [seu destino] - antes há que inventariar. Em seus objetos a narrativa, mundo catalogado – Catalogar é presentificar . A ssim como ex-votos que corporificam a graça alcançada, a obra de Bispo presentifica a vida, impedindo o tragar voraz, ainda que silencioso, do esquecimento.

O fio azul enforma obstinadamente objetos, em repetição conformada, dos que lidam com o espaço intermitente da espera – na repetição a universalidade do particular.

No olhar de Bispo capacidade para transver o mundo. Do lugar-memória não advêm imagens, mas sensações – Imagens são criações poéticas, concepções do artista. Para além da memória, a arte que como o sono, recorre ao pensamento puro, à essência .

Em tudo que é humano, o nobre habita a criação.

Um oceano de sensações - navegá-lo em muitas fragatas. Devir artista – salva-vidas de um naufrágio em marés de outros, inerentes ao louco. Sua arte – a saúde na doença. Suas vitrines – ex-votos de vida. Onde há obra não há loucura .

Arte, vigor, aquilo que se pode chamar vida – criar em Bispo é emergir; neste ato o respirar todas as curas, fazer-se são.

Não há em Bispo espaço lacunar onde se insiram prontuários institucionais. Não há doença mental, há loucura - experiência interior nos moldes vertiginosos de Bataille – fuga da norma, o ruir de barreiras erigidas pela razão cotidiana, transgressão.

No estado estrangeiro, do que empreende viagem, a força de Bispo: Eu Vim.

O Eu em bordado azul se inscreve em estandartes de fé. Ele, Bispo, a dizer que Veio - em sua linha o proclamar de um mundo sem abismos. Pelas mãos criadoras, o inventário da jornada: material existente na terra dos homens - registros de sua passagem . Objetos enformados - objetos do tempo, da paciência – do confinamento a espera de. Tempo estendido, tempo-repetição. No ato contínuo - o enrolar do fio - a sublimação do tempo-espera. Tempo-espaço.

Fio-ampulheta.

No inaugurar do devir tecelão, a urdidura do tecido existencial – na costura, a sutura do ser. Não há cicatrizes, mas bordados, que fazem vibrar a forma e a palavra.

Nos bordados o ritmo tátil das palavras. Desgarradas do sentido - potência, materialidade; na carne da escrita pensamento e comoção se fundem em Obra.

Obra – fragmentos de vida que se potencializam no acúmulo. Corporificar, catalogar: homem, mundo, anseios, devires. Obrar em arte. No labor o corpo poético da fé messiânica. Em tudo que é humano, o nobre habita a criação – em Bispo a sagração particular da condição humana – ex-voto à existência e a capacidade do homem de se re-criar.

Inventariar - re-inventar.

 

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Arraia

Os loucos são como os beija-flores, vivem a dois metros do chão.

Bispo do Rosário

O devir pipa repousa no objeto que tem anseios de céu:

Soltaremos, soltar, soltamos, solta, solte, soltando, solt semos.

O Prisioneiro da passagem quer vôo, o devir asas borda o sonho em azul – palavras o corporificam: corpo etéreo. O vôo tem data: 28 de junho de 1972 – aleatória? Eleita? Qual a diferença?

Soltava, soltei, soltou.

Percebemos então o lugar-memória e podemos sentir o vento e ouvir o riso dos garotos, que se desenham na liberdade do fio que empina a pipa recriada, bordada no devir pipa – devir menino: faculdade do encantamento, do rir sem motivo, e neste, todos os. Riso em Bispo é transcendência, volição - a palavra garotos sorri.

O vôo dentro do vôo. Re-inventar para inventariar.

Tantas obras a ler, todas alí – estandartes que trazem um oceano de emoções no desejo de além-mar; objetos para viagem - inúmeros, quase incontáveis – presentificam o universo em azul; sapatos com desejo de caminho; bolsas para todos os passeios; gravatas para trajes endomingados; venda para olhos - no devir cegueira a viagem interior do oráculo; faixas de misses: roteiros de viagens; Cama: a viagem do sonho no amor por Rosângela Maria [sua Dulcinea] ; o manto da apresentação em toda sua complexidade estética: traje de gala para o viajor; capa de Exu: mensageiro entre mundos - o que viaja. Bispo anseia a viagem, antes há que inventariar.

Na pipa a janela para a poética Bispo, em seu tecido fibras de outras obras - No devir pipa, devires múltiplos: possibilidade real de viagem no universo irreal da criação.

Arraia - Ex-voto à liberdade anunciada.

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Ele, o Bispo:

Acompanhado por 7 anjos em nuvens espaciais [...].

 

Costura

 

 

Unir em costura. Por agulha o olhar aprendiz. No desvelar de poéticas de sacralizações a fruição acompanha os pontos que dão forma ao pensamento.

Nos tecidos eleitos, sagrações particulares, perenes em obras - universais. Produções sagradas por essência, são urdidas de modos distintos pela fé litúrgica, pela angústia e desejo de morte, e, pela pulsão de vida. Aqui pensadas sob o conceito de ex-votos.

Na fé litúrgica, a sagração do milagre, da cura. Em Farnese, a sagração das dores humanas - seus ex-votos eternizam em arte não a saúde, mas mazelas, na sacralização dos devires da angústia: doença, conflito, dor. Em sua produção modos de saber, modos de adoecer . Em Bispo sacralizações múltiplas: do mundo [criado por Deus, recriado pelo homem]; da liberdade [sonho do prisioneiro da passagem]; da e xistênci a. Obra delírio, vertigem, experiência interior em sentido pleno - ex-votos de vida. Arte, saúde – Obra - proposições medicinais do devir artista .

Oceanizar sentimentos e navegá-los. Experiência interior - possibilidade de viagem por tais mares. Nas profundidades abissais, o término do possível – ir ao término, ultrapassar o conhecimento como fim. Arte, oxigênio para o mergulho no extremo. Nas obras de Farnese e Bispo a sacralização desta experiência-viagem.

A loucura, um oceano.

Em Farnese o caminhar na praia; em Bispo, o mergulho.

Bispo e Farnese compartilham o fascínio deste oceano de modos distintos. Em Farnese a experiência interior é da ordem da angústia, daquele que está na margem, na areia que encerra as vastidões desérticas, desespero solar. Através dos conflitos da bipolaridade caminha na praia - no meio do oceano uma ilha - a recolher sentimentos e objetos trazidos por marés.

Bispo submerge para emergir.

Farnese se aproxima dos limites do possível.

O devir loucura Bispo transpõe, o devir arte por salva-vidas. No devir louco a possibilidade de transpor o limite do possível. Bispo borda fragatas e navega.

Em Farnese a expeiência interior se corporifica em ex-votos que sagram a doença, a finitude, a morte. Em Bispo a fé messiânica que o impele a inventariar o universo, se presentifica em ex-votos de vida - o viajante se põe a obrar. Em objetos-lembrança o artista-viajor enforma registros de sua passagem pela terra, viagem em que cruzou o oceano da loucura.

Farnese - no silêncio de seus ex-votos, a dileção doença-arte – um entre múltiplos devires. Bispo - em seus ex-votos o grito da sutura em linha azul – capacidade de regeneração, re-criação. No tecido Bispo-Farnese, o binômio vida-morte. Na costura produções díspares dão forma a um só manto de sacralidades profanas – de anverso duplo.

Bispo e Farnese: suplementos . O mesmo diferente.

 

Arremate

Fios: de sensações, sentimentos, crenças, sagrações, sanidade, loucura e fé, entrelaçam-se e tecem as individualidades Bispo e Farnese. Ambos - de modo particular, individual - lançam mão do tecido essencial urdido a partir das experiências e dos modos como se relacionam com o mundo. Em cada artista o devir alfaiate: no cortar e coser, a obra.

No conjunto de obras a poética de ambos constitui outro tecido. Sobre este, em metacostura, cortamos e cosemos o pensamento que buscou o conceito ex-voto. No arremate não há pretensões de amarras - no avesso da escrita, linhas que permanecem soltas, posto que em arte e pensamento toda costura tem em si a condição de alinhavo.

 

Bordado

Fragmentos sagrados e profanos urdiram estas madras – cortar e coser. Um traje, um manto – a escrita. No acúmulo de toda sorte de crenças, por vezes na descrença – fé, poesia, pensamento – sacralidades. A Arte, em religiosidade outra, aproxima-nos menos de Deus que de nossa humana condição, onde há sagração dos relatos, vivências perenes em obra – angústias, alguma certeza e dúvidas atrozes conduzem a questão que se estabelece paradoxal: eterna finitude. Seguimos. Santos em nossa humanidade poética - na errância de vivermos o que julgamos vida, e morrermos o que entendemos morte. Para cada milagre cotidiano e suas particularidades - que em Arte se fazem eternos, universais – um ex-voto e uma prece:

Rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte

Rogai por nós agora e na hora de nossa morte.

 

Fragmento de Quarta-feira de cinzas - T.S.Eliot.

 

 

 

Aviamentos

 

 

ALMEIDA PRADO, Décio de. O Teatro Brasileiro Moderno . São Paulo: Perspectiva, 1996.

AQUINO, Ricardo. Do Pitoresco ao Pontual: uma Imagem-Biografia. In Bispo do Rosário século XX. Rio de Janeiro: Museu Bispo do Rosário e prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, 2006.

BACHELARD, Gaston. A Poética do Espaço. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BARROS, Manoel. Livro Sobre Nada. São Paulo, Editora Record, 2002.

BARTHES, Roland. O Prazer do Texto. Perspectiva: São Paulo, 2004.

BATAILLE, Georges. A Experiência Interior. Tradução de Celso Libânio Coutinho et ali. São Paulo, Editora Ática, 1992.

BENJAMIN, Walter. O autor como produtor. In Walter Benjamin: Obras escolhidas. São Paulo: Brasiliense, 1985.

BOURGEOIS, Luise. Arthur Bispo do Rosário . In Bispo do Rosário século XX. Rio de Janeiro: Museu Bispo do Rosário e prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, 2006.

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COELHO, Teixeira. Farnese de Andrade – Humor Sacro. In: Especial Bravo! Minas Gerais – parte integrante da revista Bravo! Editora Abril - Ano 9, setembro de 2006. Pág. 32-34.

COSAC , Charles. Hábitos Estranhos . In: Farnese Objetos . São Paulo: Cosac naify, 2005.

CRUZ VIZACO, Lucenne Maria da. Verso reverso. In revista sala dois quartos corpo discente do Instituto de Artes da UERJ. V.1 n.1. Rio de Janeiro julho de 2005.

DERRIDA, Jacques. A Farmácia de Platão . Trad. Rogério da Costa. São Paulo: Iluminuras, 2005.

DELEUZE, Gilles. Proust e os Signos. São Paulo: Ed. 34, 2003.

DUARTE, Ana Helena da Silva Delfino. EX-votos e Poiesis: Olhar estético sobre a religiosidade popular em Minas Gerais. 2003. Dissertação de Mestrado em História Social. Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Uberlândia.

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ELIOT, T.S. Obra Completa Volume I Poesia. Tradução, introdução e notas de Ivan Junqueira. São Paulo: Arx, 2004.

FARNESE DE ANDRADE. A Grande Alegria. In: Farnese Objetos . São Paulo: Cosac naify, 2005.

FOUCAULT, Michel. História da loucura na idade clássica. São Paulo: Perspectiva, 1978.

 

GOMES, Alair O. Os Espaços do Sonho. In: Revista Cultura – Ano 2 – nº 7 julho a setembro de 1972.

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LAGNADO, Lisette. Arthur Bispo do Rosário e a Instituição. In Por que Duchamp? Leituras duchampianas por artistas e críticos brasileiros. São Paulo: Itaú Cultural: Paço das Artes, 1999.

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LONTRA COSTA , Marcus de. Pecados Encerrados . In: Farnese de Andrade – Objetos – Rio de janeiro - Catálago da exposição de 26 de maio a 17 de junho de 1992. Galeria Anna Maria Niemeyer

MASTROBUONO, Marco Antônio. Todo Humano. In: Farnese Objetos . São Paulo: Cosac naify, 2005.

 

 

 

 

Chuleio

 

 

JUNQUEIRA, Ivan. Eliot e a poética do Fragmento . In: ELIOT, T.S. Obra Completa Volume I Poesia. Tradução, introdução e notas de Ivan Junqueira. São Paulo: Arx, 2004. Pág. 19 .

 

COSAC, Charles. Farnese Objetos. São Paulo: Cosac Naify, 2005. pág. 41

 

BATAILLE, Georges. A Experiência Interior. Tradução de Celso Libânio Coutinho et ali. São Paulo, Editora Ática, 1992. Pág. 44 - O autor diz acerca do desespero: “O desespero é simples: é a ausência de esperança, de qualquer engodo. É o estado das vastidões desertas e – posso imaginar – do sol”.

 

COSAC, Charles (2005) diz, ao discorrer sobre os relatos de dor, solidão, complexos etc de Farnese, que sua obra é exclusivamente autobiográfica. Discordo com veemência do autor, pois ainda que a obra do artista parta do individual, de suas vivências pessoais, e sua angústia esteja presente entre os materiais utilizados, sua obra trata de assuntos universais. O termo “exclusivamente” a meu ver é restritivo e inadequado.

 

Expressão de Alberto Pucheu em ensaio sobre livro de Roberto Corrêa dos Santos : Talvez Roland, Talvez Roberto . In: Pequena Morte, revista eletrônica bimestral edição 4. In: htpp://www.pequenamorte.com/category/ensaios/talvezroland,talvezroberto–alberto

pucheu.

 

BATAILLE, Georges. Op. Cit., Pág. 79.

 

BATAILLE, Georges. Op. Cit., Pág. 35.

 

LONTRA COSTA, Marcus de. LONTRA COSTA , Marcus de. Pecados Encerrados . In: Farnese de Andrade – Objetos – Rio de janeiro - Catálago da exposição de 26 de maio a 17 de junho de 1992. Galeria Anna Maria Niemeyer.

 

BATAILLE, Georges. Op. Cit., Pág. 102

 

 

BENJAMIN, Walter. O autor como produtor. In Walter Benjamin: Obras escolhidas. São Paulo: Brasiliense, 1985.

BACHELARD, Gaston. A Poética do Espaço. São Paulo: Martins Fontes, 2003. Pág.91.

 

BATAILLE, Georges. op. cit. P. 31.

 

BARROS, Manoel. Livro Sobre Nada. São Paulo, Editora Record, 2002. Pág. 83

 

Título do Filme de Hugo Denizart (1982) sobre Bispo do Rosário.

 

 

Deleuze estabelece este pensamento a propósito da obra de Proust. DELEUZE, Gilles. Proust e os Signos. São Paulo: Ed. 34, 2003. Pág. 44: “Como o sono, a arte está para além da memória e recorre ao pensamento puro com faculdade das essências”

 

FOUCAULT, Michel. História da loucura na idade clássica. São Paulo: Perspectiva, 1978. pág. 530.

 

As expressões modos de saber, modos de adoecer e proposições medicinais são respectivamente títulos de livro e texto de Roberto Corrêa dos Santos. SANTOS, Roberto Corrêa dos. Modos de saber. Modos de adoecer . Belo Horizonte: UFMG, 1999. POEMA – PROPOSIÇÕES MEDICINAIS.

 

 

Epígrafes

* BATAILLE, Georges. A Experiência Interior. Tradução de Celso Libânio Coutinho et ali. São Paulo, Editora Ática, 1992.

 

* In: BACHELARD, Gaston. A Poética do Espaço. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

 

 

 

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