o narrador persuasivo: Um olhar benfazejo
Iolanda Cristina dos Santos [1]
A luz é para todos; as escuridões é que são apartadas e diversas.” ("A benfazeja", p. 480)
Chamou-nos muito a atenção o olhar do narrador de "A benfazeja", conto do livro Primeiras estórias, de João Guimarães Rosa. Narrador capcioso, atento e minucioso, ele nos convida a traçar um novo paradigma do olhar e a fazermos uma revisão dos nossos julgamentos cristalizados. O conto em estudo aponta para a busca da essência íntima da realidade, e a superação das dicotomias aparência e essência. Podemos mesmo afirmar que a superação da própria aparência como realidade é o foco escolhido pelo narrador deste conto.
Mas para falarmos sobre o narrador, precisamos dirigir o olhar para uma mulher que muito nos chama a atenção, que é a protagonista Mula-Marmela, especialmente pela forma como ela se comporta e responde aos seus instintos. Além disso, impressiona-nos a sua inserção dentro da comunidade, o olhar desta sobre ela e a cegueira na qual está imersa a comunidade. Finalmente, saltam às nossas vistas os mecanismos utilizados pelo narrador a fim de tornar conhecida tanto a cegueira dos moradores, quanto o que subjaz aos comportamentos aparentemente nocivos da protagonista. Somente por meio da visão do narrador será possível contemplarmos, nesta mulher estranha e excêntrica, algum ponto despercebido que lhe dá um toque de humanidade e, quicá, até de beatitude.
Trata-se de uma estória em que somos questionados - tanto quanto a comunidade em que está inserida Mula-Marmela - em relação à forma como vemos e julgamos a protagonista da estória. De certo modo, somos convidados a nos ver. Como é que nos vemos? Por que filtros passa o nosso olhar até que possamos dizer: é isso o que eu vejo? E o que vemos, será mesmo o que pensamos que vemos? Estes são questionamentos que o conto nos suscita.
A protagonista desta estória, descrita pelo narrador como "A mulher – malandraja, a malacafar, suja de si, misericordiada, tão em velha e feia, feita tonta, no crime não arrependida – e guia de um cego." (ROSA, 1994, p. 475) segue o seu destino, com padrões de comportamento muito singulares e pessoais, movida por algum tipo de sentimento ou desejo nem sempre revelado para nós, leitores, e por meio de códigos próprios e de leis internas, que, de modo algum se encaixam com as da comunidade em que vive, mas que, por ironia do destino, ou devido aos paradoxos da trama, têm uma espécie de reconhecimento especial do narrador. [2]
Nesta estória, somos chamados a rever certos conceitos, começamos a ter sentimentos ambíguos e os nossos julgamentos passam a se dissolver nas falas e nas exortações do narrador. O narrador convida leitores e personagens a olharem. Para onde? Para quem? Para o quê? No fundo, para si mesmos, para os valores cultivados, e para os preconceitos silenciosamente entalhados. Convite a ver, convite a desfazer padrões e pontos de vista endurecidos. A fala do narrador se tece numa linguagem de libertação de amarras e de vendas. Tirem as vendas dos olhos, é o que afinal propõe este narrador aconselhador e sábio. Mula- Marmela guarda segredos que não foram vistos, ela não é o que parece ser. Veremos como uma comunidade inteira está irremediavelmente prisioneira da sua própria cegueira, sendo esta tão comum e cotidiana, que só mesmo um narrador, que está afastado, pode nos fazer ver. Mas veremos, sobretudo, que a membrana que turva a nossa visão, se retirada um pouco do lugar, pode restabelecer a mais bela das paisagens e redimensionar os nossos conceitos.
O nome da estória evoca a presença de alguém que faz o bem, ou de um fazer dirigido para o bem. No entanto, ainda que seja chamada de “benfazeja”, a protagonista nos causa sentimentos dúbios, que só podem ser dissolvidos se seguirmos os conselhos do narrador e fizermos uma revisão no nosso ponto de vista. O que vem à tona, numa leitura superficial do enredo, é a crueldade da protagonista, apresentada como procedimento cotidiano, como forma de vida. Mula-Marmela seria, então, dentro dessa leitura, uma personagem destinada a ser cruel, que carrega culpas pesadas: a morte do marido, o tratamento dado ao enteado cego e a morte deste. Neste sentido, é oportuna a breve apresentação/comentário do enredo feita por Costa Lima: "Em 'A benfazeja', a Mula-Marmela, 'furibunda de magra, de esticado esqueleto, e o de sumir de sanguessuga', apunhala o Mumbugo, o seu homem, e a gente fala que ajudara a apressar a agonia da morte do filho cego. Mas, sob a aparente maldade da Mula-Marmela, descobre Guimarães Rosa que só o amor a movia. Perplexamente, sob os seus aleijões, se revela o amor, a difícil palavra." (LIMA, 1991, p. 506)
O elemento trágico e a perplexidade dialogam nesta estória. A perplexidade do narrador é fruto menos da crueldade que ele narra, que do fato de a protagonista não ter sido notada no que ela tem de melhor. Então, ao mesmo tempo em que ele tem a autoridade para contar os procedimentos cruéis de Mula-Marmela, penetra em outras camadas da narração que nos levam a abstrair a crueldade como um fato, e a sondar os recônditos dessa mulher aparentemente má. O olhar do narrador nos faz vacilar, e nos deixa em um lugar incômodo. Sem a voz dele jamais teríamos conhecimento de que Mula-Marmela assassinara o marido e os motivos que a levaram a isso:
Vocês sabem, o que foi há tantos anos. Esse Mumbungo era célebre-cruel e iníquo, muito criminoso, homem de gostar do sabor de sangue, monstro de perversias. Esse nunca perdoou, emprestava ao diabo a alma dos outros. Matava, afligia, matava. Dizem que esfaqueava rasgado, só pelo ancho de ver a vítima caretear. Será a sua verdade? Nos tempos, e por causa dele, todos estremeciam, sem pausa de remédio. Diziam-no maltratado do miolo. Era o punir de Deus, o avultado demo – o 'cão'. E, no entanto, com a mulher, davam-se bem, amavam-se. Como ? O amor é a vaga, indecisa palavra. Mas, eu, indaguei. Sou de fora. O Mumbungo queria à sua mulher, a Mula-Marmela, e, contudo, incertamente, ela o amedrontava. Do temor que não se sabe. Talvez pressentisse que só ela seria capaz de destruí-lo, de cortar, com um ato de 'não', sua existência doidamente celerada. Talvez adivinhasse que em suas mãos, dela, estivesse já decretado e pronto o seu fim. Queria-lhe, e temia-a – de um temor igual ao que agora incessante sente o cego Retrupé. Soubessem, porém, nem de nada. A gente é portador. (ROSA, 1994, p. 476)
No entanto, como se percebe na fala do narrador, diluída e subjacente aos fatos, há uma outra verdade, que é a missão salvadora que assume esta mulher, ao libertar toda a comunidade de um homem insano e cruel como era o seu marido. O narrador já dá mostras, neste pequeno trecho, de que a mulher tem seus motivos escusos, e que é preciso olhá-la com mais cautela. Era preciso alguém para enfrentar o Mumbungo, e somente Mula-Marmela poderia assumir este confronto, eliminando definitivamente o Mal. Mas, ainda assim, ou por isso mesmo, como mostrará o narrador o tempo todo, ela merece a consideração de todos. Não devemos julgá-la pela simples aparência dos fatos trágicos. É para as sutilezas que devemos dirigir os nossos olhos. Isto parece nos mostrar o narrador, ao ir apontando as coisas imperceptíveis que faz a protagonista, como por exemplo, nesta delicada passagem em que fica clara a enorme diferença entre a madrasta e o enteado, e a defesa que o narrador faz desta última, tentando dissolver, com o seu olhar benevolente, qualquer culpa que ela possa ter:
Notem que o cego Retrupé mantém sempre muito levantada a cabeça, por inexplicado orgulho: que ele provém de um reino de orgulho, sua maligna índole, o poder de mandar, que estarrece. E ele traz um chapéu chato, nem branco nem preto. Viram como esse chapéu lhe cai muitas vezes da cabeça, principalmente quando ele mais se exalta, gestilongado abarbado e maldoso, reclamando com urgência suas esmolas do povo. Mas, notaram como é que a Mula-Marmela lhe apanha do chão o chapéu, e procura limpá-lo com seus dedos, antes de lho entregar, o chapéu que ele mesmo nunca tira, por não respeitar a ninguém? (ROSA, 1994, p. 478)
É importante nos lembrarmos que a presença da crueldade, das deficiências, de um modo geral, deve ser encarada na obra de Rosa como uma possibilidade profícua de instaurar, sobretudo, o sentimento de perplexidade, e que denota uma abertura para o reconhecimento de aspectos pouco valorizados e desejáveis no ser humano. Para Costa Lima "Já em Guimarães Rosa , a revelação da crueldade circundante é contida por uma contínua perplexidade. O aleijão é menos prova acusatória do caráter cruel da vida que indício do que nela perplexamente desconhecemos." (LIMA, 1991, p. 506)
Temos, neste conto, um aspecto novo que salta aos nossos olhos já no início da narração. Trata-se da forma como o narrador constrói e conduz a narrativa, o que a faz diferenciar-se muito das outras da coletânea em questão. O narrador desta estória tem um perfil singular, remetendo-nos àquele narrador machadiano que dialogava com os leitores, provocando-os, trazendo-os para o jogo narrativo. Certamente valeria um aprofundamento sobre este narrador em Rosa, mas para nós, no momento o que ressalta é o que ele exige do leitor. É instigante a sua postura narrativa, onisciente e “intrusa”, cujo olhar parece já ter abarcado inúmeras situações humanas, e que, por isso, agora vem nos ensinar a olhar. Se o texto narrativo é propício para o conhecimento das experiências humanas, lugar do aprendizado do viver, ele é também um convite a VER.
O que nos parece singular, no entanto, é que este olhar sobressai da própria narrativa, ou do próprio ato de narração. Não é o personagem que nos chama a ver, mas o próprio narrador. Porque o seu olhar é mais sábio do que o dos leitores, ou pelo menos é o que se supõe o tempo todo, diante das hipóteses que o próprio narrador vai criando, em forma de um jogo de velar e desvelar. Ao iniciar a narrativa ele se dirige imediatamente ao leitor, introduzindo-o na problemática que vai contar. Ele não só conhece os personagens como também o olhar turvo dos leitores. "SEI QUE NÃO atentaram na mulher; nem fosse possível. Vive-se perto demais, num lugarejo, às sombras frouxas, a gente se afaz ao devagar das pessoas. A gente não revê os que não valem a pena." (ROSA, 1994, p. 480)
O texto vai se desenvolvendo de forma a definir as posições de quem vê mais, ou seja, o narrador, e daquele que vai ouvir a estória – e que, conforme mostra o narrador, não sabe ver. Para o narrador desta estória as aparências enganam e o dia-a-dia embota o olhar. Assim, com a sua autoridade de narrador, é ele quem vai nos ensinar a ver além das aparências e a rever a protagonista com outros olhos. Esta postura narrativa nos leva a rever com mais atenção o papel do narrador diante das entrelinhas e dos elementos impalpáveis que encobrem uma narração fecunda . Faz-nos ver que o papel do narrador, muito mais que simplesmente narrar, é tocar em algumas camadas inapreensíveis pelo olhar apressado e comum. E, sobretudo, nos mostra que este procedimento narrativo funciona como um aspecto de valorização da autoridade do narrador, o qual, da posição onde se encontra, tem competência e habilidade para ver melhor.
Narrador onisciente, seu olhar é profundo e consegue captar o que ninguém viu. Sua sabedoria vem justamente deste olhar, que não conhece apenas o presente da personagem, mas todo o processo pelo qual ela passou. Somente ele consegue ter um olhar perscrutador, benevolente e cúmplice, porque conhece as sutilezas da alma humana. “A benfazeja” é uma narrativa ambígua, porque os fatos em si nos levam, à primeira vista, a considerar a protagonista uma criatura estranha e até maléfica, porque matou o marido e talvez tenha cegado o enteado. Mas como uma esfinge que precisa ser decifrada, este mistério do bem e do mal vai sendo esclarecido pelos olhos iluminados do narrador. E, em termos formais, o que temos é uma reincidência de verbos ligados ao sentido da visão, pois estão sempre presentes formas verbais como "revê", "viam-lhe", "notar", "vêem", "viram", "notem", "notaram", "reparam", "olha", "saibam ver", "veriam", "os observou", dirigidas ao leitor desavisado.
A presença de um narrador como o desta estória reflete um modo de ver não estanque, e nos possibilita uma sondagem mais profunda dos personagens periféricos, que compõem a comunidade, e os protagonistas, especialmente Mula-Marmela. Somente por meio do enfoque da voz narrativa e da força do seu discurso subjetivo, que não tem receio de se mostrar, é que podemos nos libertar das armadilhas do enredo e, paralelamente à fruição deste, refletirmos sobre os modos com que cada um realiza as suas possibilidades e impossibilidades de ser. Não fossem as chamadas do narrador, o enredo nos levaria, e perderíamos a oportunidade de refletirmos sobre o narrado. A astúcia da narração é que nos leva a uma fruição mais astuta do texto e de suas imbricações. Um narrador com este perfil e com este procedimento mostra que está se lançando na estória - ainda que de fora - no sentido de assumir uma posição e excitar o leitor, por meio dos seus jogos retórico-discursivos, conduzindo os seus olhos para o texto e o seu olhar para o entre-texto. A estória é exortativa e revela também certa indignação do narrador diante da falta de percepção do leitor: "Nem fosse reles feiosa, isto vocês poderiam notar, se capazes de desencobrir-lhe as feições, de sob o sórdido desarrumo, do sarro e crasso; e desfixar-lhe os rugamentos, que não de idade, senão de crispa expressão." (ROSA, 1994, p. 475)
O desdobramento do olhar se dá a partir do olhar sábio do narrador que tudo vê. É ele que nos mostra que a protagonista, não obstante o grau de marginalidade em que se encontra, consegue ver as delicadezas do dia-a-dia. Este desdobramento nos faz pensar em como as verdades são flexíveis, em como o que parece ser nem sempre o é de fato. E coloca- nos mais uma vez diante do questionamento incessante de Guimarães Rosa acerca das verdades e das certezas prontas. Afinal, quem é Mula-Marmela, se olhada por trás das aparências? O que somos todos nós se olhados por trás dos olhos de quem nos olha? E quem é que nos olha? De que lugar ele nos olha? Estará o narrador desta estória numa posição privilegiada que lhe propicie este olhar, ou simplesmente ele sabe olhar, independentemente da posição em que se encontra? O que o terá levado a conquistar um olhar como este?
Longe de respondermos aqui a todas estas questões, propomos, sobretudo, uma mirada nesta forma anti-convencional como o narrador concebe a personagem. Paradoxalmente, é ele mesmo quem enumera todas as barbaridades cometidas por ela. Mas, para nossa indignação, perplexidade e desacomodação, ele conduz o nosso olhar para um outro lugar. Não para a obviedade da situação, mas para o que parece oculto, guardado nas regiões mais subterrâneas do ser humano. Pois para ele, ela também tem um jeito especial de olhar. "Sei que vocês não se interessam nulo por ela, não reparam como essa mulher anda, e sente, e vive e faz. Repararam como olha para as casas com olhos simples, livres do amaldiçoamento de pedidor? E não põe, no olhar as crianças, o soturno de cativeiro que destinaria aos adultos. Ela olha para tudo com singeleza de admiração . (ROSA, 1994, p. 478)
A presente estória, bem como os seus procedimentos narrativos, só vêm confirmar e enfatizar a nossa crença de que a escritura de Guimarães Rosa se pauta, sobretudo, no questionamento. Por isso ela é tão perturbadora, e nos tira, a cada enunciado, do lugar seguro onde pensamos estar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADORNO, Theodor W. Posição do narrador no romance contemporâneo . Trad. Modesto Carone. 2ª ed. São Paulo: Abril, 1983. (Os Pensadores).
AMÓS, Eduardo. Teimando em sonhar . São Paulo : Moderna, 1987.
BARBOSA, Deni Tiago Pinheiro. Pontos para tecer um conto . Belo Horizonte: Lê, 1997.
BOLLE, Willi. Fórmula e fábula : teste de uma gramática narrativa. Sã Paulo: Perspectiva, 1973
CÂNDIDO, Antônio. Literatura e sociedade .7ª ed. São Paulo: Nacional, 1985.
CASTRO, Dácio Antônio de. Primeiras estórias (roteiro de leitura) . São Paulo: Ática, 1993.
DUARTE, Lélia Pariera et al. Veredas de Rosa II. Belo Horizonte: PUC Minas, 2003, p. 454-459.
JUNG, C, G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Ed. Vozes. Petrópolis, RJ, 2000.
LIMA, Luiz Costa. O mundo em perspectiva: Guimarães Rosa. In: COUTINHO, Eduardo Faria. Guimarães Rosa . 2ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991, p. 500-513.
NOVAES, Adauto (Org.) O olhar . São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
OLIVEIRA, Luiz Cláudio Vieira de. O eu por detrás de mim: Semiótica e psicanálise em Guimarães Rosa. In : MENDES, Lauro Belchior e OLIVEIRA, Luiz Cláudio Vieira de (Orgs). A astúcia das palavras : ensaios sobre Guimarães Rosa. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
PINHEIRO, Cleusa Rio. Do feminino e suas estórias . São Paulo: Fapesp/Hucitec, 2000.
RAMOS, Maria Luiza. Análise estrutural de Primeiras Estória. In: COUTINHO, Eduardo Faria. Guimarães Rosa . 2ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991, p. 514-
ROSA, João Guimarães. Ficção completa . Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1994.
1. Iolanda Cristina dos Santos concluiu em agosto de 2006 o Doutorado em Teoria Literária (Programa de Ciência da Literatura da UFRJ) com a tese O aprendizado do olhar na obra de João Guimarães Rosa , sob a orientação do Prof. Dr. Eduardo Faria Coutinho. O presente artigo, com ligeiras modificações, corresponde a um trecho da tese.
2. Sobre esta estória valeria um estudo aprofundado no que diz respeito, dentre outras coisas, às motivações para fazer o mal. Aliás, tanto nesta estória, como na estória de Maria Mutema, contada em Grande sertão: veredas , há a predominância do mal, da maldade genuína, como se esta existisse anterior ao ser humano. O Mal se apresenta inevitável, sem motivações, e às vezes até como salvação e redenção.